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Produtores de cereais não “arriscam fazer sementeiras” devido à seca, diz presidente da Assoc. Nacional de Produtores de Cereais (c/som)

Dados divulgados esta terça-feira, dia 20 de fevereiro, pelo INE (Instituto Nacional de Estatística), preveem uma diminuição da área de cultivo de cereais para a campanha de 2018, que variam entre os 5% (centeio e aveia) e os 15% (trigo duro).

José Palha, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cereais, Oleaginosas e Protaginosas (ANPOC), em declarações à Rádio Campanário, afirma que as alterações climatéricas e a tesouraria fraca dos produtores, os leva a temer arriscar em fazer sementeiras.

Na campanha de 2017, a associação registou “uma quebra de produção na ordem dos 15%” em consequência “das altas temperaturas que tivemos nos meses de abril e de maio, e da falta de chuva” na fase do enchimento do grão. No que toca à qualidade “foi um ano médio”.

O presidente da ANPOC declara que, “este ano, estamos com uma situação ainda mais dramática e acentuada dos efeitos dessas mesmas alterações climáticas”.

Questionado relativamente à diminuição registada na área de cultivo, aponta como causa o facto de o outono e inverno terem sido “muito secos”, o que levou os agricultores a recear “arriscar fazer sementeiras”, fator agravado pela atual situação de tesouraria com dificuldades e “até precária”.

Os dados divulgados pelo INE, “são um bocadinho superiores áquilo que seria a nossa expetativa”, afirma, contudo, o dirigente não consegue ainda avançar dados, uma vez que existem sementeiras realizadas no final do mês de janeiro, que ainda não foram contabilizadas.

O baixo armazenamento de água na região sul do país, tem levado “os agricultores a adaptar as culturas”, nomeadamente optando por culturas que exigem menos água, em detrimento, por exemplo, “do milho”.

Existindo agricultores que aguardam pelo fim do inverno na esperança da ocorrência de pluviosidade, não se registando a mesma, “ficam impossibilitados de fazer qualquer tipo de cultura”. “A situação é muito complicada este ano”, declara.

Questionado relativamente ao aumento da área de cultivo de cereais no EFMA (Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva), aponta que a rega pode gerar o dobro da produção dos cereais, levando “obviamente a que o produtor procure condições que lhe deem mais segurança”.

Mas aponta ainda que a redução de área se tem prendido com “o preço”. “Não temos condições para criar quantidade, mas temos para criar qualidade”. Importando Portugal 95% dos cereais de qualidade, nomeadamente para a indústria panificadora e produção de massas, em algumas terras continuará a ser interessante a produção na vertente de qualidade.

Infelizmente, aponta, os fenómenos de alterações climáticas outrora “casos excecionais, estão-se a tornar quase uma regra”, levando à necessidade de adaptação da produção.

 

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