A festa religiosa em honra da padroeira de Mourão começou no final do mês de janeiro e é um dos momentos mais emblemáticos desta vila Alentejana banhada pelo Alqueva.
Dia 2 de fevereiro é o feriado municipal e o dia grande das festividades com as celebrações religiosas, em honra de Nossa Senhora das Candeias. A procissão, com a imagem da padroeira, a percorrer as principais ruas da Vila é um dos momentos mais emocionantes e que atrai milhares de pessoas a Mourão.
Nossa senhora das Candeias está na Igreja Matriz, situada no castelo da Vila. É de lá que sai e é para lá que volta no final da procissão. A imagem da Santa é carregada em ombros por um grupo de pessoas que assumem este momento como um dos mais especiais do ano.
Os “homens e mulheres de Nossa Senhora das Candeias” desempenham um papel de extrema relevância nesta celebração religiosa, não só pela responsabilidade inerente à missão que desempenham, mas acima de tudo pela emoção com que o fazem, um sentimento que transparece em cada rosto.
A Rádio Campanário esteve ais uma vez presente nestas celebrações e falou com Ricardo Babinha e Bernardino Falé, dois dos homens que este domingo transportaram a imagem da Senhora das Candeias. Duas gerações diferentes unidas pela mesma fé e pela mesma devoção à Santa de Mourão.
Bernardino Falé, é natural de Campinho, no concelho de Reguengos de Monsaraz. Deixou Portugal em busca de uma vida melhor há 33 anos e emigrou para a Suíça, onde ainda hoje permanece. Apesar de não pertencer ao concelho de Mourão, é desde sempre devoto da Senhora das Candeias. Vem a Portugal apenas uma vez por ano, precisamente na altura das festas. Abdica de outras alturas importantes, como a época natalícia, precisamente para estar em Portugal na festa da senhora das Candeias.
Há anos que transporta a imagem da Santa, não por promessa, mas por “gosto” e por fé. Quando falava com a nossa reportagem emociona-se. De lágrimas nos olhos confidencia-nos que este “é um sentimento que não tem explicação”. Acrescenta que a “fé é o que lhe dá força para superar a saudade.” Garante que “enquanto Deus lhe der forças há-de acompanhar sempre Nossa Senhora das Candeias”
Mais novo, Rodrigo Babinha, apesar da idade, encara com muita responsabilidade o momento. Em entrevista à RC explica-nos o que o move. “O grupo, o ambiente e acima de tudo a minha devoção em Nossa Senhora das Candeias.” O jovem destaca a necessidade de “preservar” a tradição. Evidencia que esta fé “o acompanha no seu quotidiano. Pelo segundo ano consecutivo a desempenhar esta missão, Rodrigo diz “é o meu agradecimento a Nossa Senhora por me acompanhar no meu percurso de vida.”
A devoção dos Mouranenses a Nossa Senhora das Candeias remonta aos primórdios do século XIV, cerca de 1316, no reinado de D. Dinis. Era então venerada como Santa Maria do Tojal, já que segundo a lenda, a Virgem teria aparecido entre moitas de tojo. Profundamente enraízado no Alentejo, o culto a Nossa Senhora das Candeias faz com que milhares de pessoas se desloquem anualmente a Mourão por ocasião da festa em sua honra