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FENAREG e ABROXO com projeto que irá criar a 1ª Comunidade de Energia Renovável na área agrícola em Portugal

A FENAREG realizou um seminário, a 10 de março, em Aljustrel, sobre as oportunidades de investimento, soluções e boas práticas de bombagem fotovoltaica no regadio coletivo.

A Federação e a ABROXO-Associação de Beneficiários do Roxo têm em curso um projeto-piloto para criar no Baixo Alentejo a primeira Comunidade de Energia Renovável na área agrícola em Portugal.

«No regadio coletivo nacional há muitos e bons exemplos de eficiência hídrica e o setor está a iniciar o caminho para a eficiência energética e descarbonização através da utilização de energias limpas, é um percurso que vamos continuar a incentivar», garantiu Rogério Ferreira, Diretor Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, na sessão de abertura do seminário.

A escalada do preço da energia no mercado ibérico obriga as associações de regantes a encontrar alternativas para ter fontes de energia mais barata. «O preço da energia em 2021 rondava os 60 euros/megawatt e este ano já está em 500 euros/megawatt, é um custo incomportável. Felizmente que apostámos na energia solar», afirmou António Parreira, presidente da ABROXO.

Em 2018, esta associação de regantes instalou painéis fotovoltaicos para bombear água da barragem do Roxo e conseguiu poupar em média 26% na fatura da eletricidade e reduzir as emissões de carbono em 235 toneladas de CO2 equivalente/ano. «O nosso objetivo é produzir energia limpa para fornecer água aos agricultores a um preço competitivo e compatível com os seus custos de produção cada vez mais elevados. No regadio do Roxo estamos a falar de energia fotovoltaica, mas também hídrica, e poderão surgir outras. Precisamos de fontes de energia alternativas mais baratas e mais amigas do ambiente», explicou o dirigente associativo.

A ABROXO e a FENAREG estão a implementar um projeto-piloto para a criação de uma Comunidade de Energia Renovável em Montes Velhos, Aljustrel. «Vamos avançar experimentalmente com uma comunidade de energia, envolvendo uma agroindústria e aproveitando a capacidade excedentária de produção de energia da ABROXO, com vantagens para ambas, a indústria comprará a energia mais barata e a ABROXO venderá a energia excedentária que produz neste sistema de painéis solares a preço mais elevado», revelou José Núncio, presidente da FENAREG. A Federação de regantes pretende replicar este modelo em perímetros de rega noutras regiões do país.

As associações de regantes, que gerem 40% da área de regadio em Portugal, podem recorrer a apoios públicos para instalação de painéis fotovoltaicos nos aproveitamentos hidroagrícolas, através de financiamento do PDR2020. A taxa de apoio é de 40% do valor do investimento, com um montante máximo elegível de 500 mil euros, e um valor máximo elegível de 1,35 euros/watt. A dotação orçamental do concurso é de 6 milhões de euros e as candidaturas decorrem até dia 22 de abril, conforme explicou Vítor Cordeiro, coordenador da área de investimento e riscos da Autoridade de Gestão do PDR2020.

Luís Fialho, docente na Cátedra de Energias Renováveis da Universidade de Évora, apresentou soluções e boas práticas para sistemas de bombagem fotovoltaica, aconselhando os regantes a optar por painéis fotovoltaicos seguidores de eixo Norte-Sul horizontais. «Este modelo tem um perfil diário de disponibilidade de energia mais amplo do que uma instalação tradicional fixa orientada a Sul e, portanto, garante mais horas de energia para bombagem da água no Verão e menos horas no Inverno, quando a rega é menos necessária, reduzindo ao mínimo o excedente de energia injetada na rede», explicou este especialista em energias renováveis.  Para terrenos inclinados, os painéis de tipo delta, orientados a Norte-Sul, com módulos virados a Este e Oeste são os mais indicados. Luís Fialho alertou ainda para a importância de incluir cláusulas de especificações técnicas dos equipamentos e de controlo de qualidade nos contratos a celebrar com as empresas instaladoras.

«A introdução de energia verde neste setor é superimportante e mais importante ainda é produzir descentralizado, para que cada agricultor possa suprir as necessidades energéticas da sua exploração. Aos atuais preços da energia e com a crescente instabilidade no mercado internacional e no mercado ibérico de energia, para termos alguma sustentabilidade no setor agrícola a única via é fazer esta entrada de energias verdes a baixo custo», defendeu o docente, que participa no projeto internacional de investigação aplicada “SolaQua- irrigação solar acessível, fiável e económica para a Europa e países próximos”.

 

Fonte: Nota de imprensa

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