A Liga Portuguesa Contra o Cancro foi fundada em 1941.Dez anos antes, num contexto de forte expansão das doenças oncológicas e simultaneamente, de progressos ao nível dos cuidados médicos prestados aos doentes, um conjunto de senhoras, criaram a chamada Comissão Iniciativa Particular de Luta Contra o Cancro desenvolvendo durante uma década um trabalho notável e que abriu caminho para o trabalho que viria posteriormente a ser desenvolvido pela Liga.
Entidade de referência nacional no apoio ao doente oncológico e família, na promoção da saúde, na prevenção do cancro e no estímulo à formação e investigação em oncologia, a Liga rege a sua atuação por princípios como Sensibilidade, Equidade, Ética e Compromisso.
Dividida em cinco núcleos regionais, a Liga Portuguesa contra o cancro assume um papel de relevância na vida dos doentes oncológicos e famílias, desde logo pelo acompanhamento que lhes presta e depois pelos inúmeros apoios que coloca à disposição de quem enfrenta esta dura batalha, uma luta tantas vezes desigual .
Por forma a dar a conhecer as principais áreas de atuação da Liga Portuguesa Contra o Cancro e os apoios existentes assim como as campanhas em vigor, a Rádio Campanário realizou uma grande entrevista a Luís Caldeirinha Roma, membro da Direção do Núcleo Regional do Sul da Liga Portuguesa contra o Cancro, com pelouros nas vertentes do voluntariado e apoio social. O Núcleo Regional do Sul, o maior em termos de área, contempla os distritos de Portalegre, Évora e Beja e estima-se que apoie, anualmente , cerca de cinco mil pessoas.
Nesta entrevista foram abordados temas como a Campanha Outubro Rosa, os apoios da Liga Portuguesa contra o Cancro, o voluntariado e o Peditório Nacional, uma das ações mais importantes para a Liga.
Campanha Outubro Rosa
A Campanha Outubro Rosa vai decorrer a partir de 1 de outubro e tal como nos explicou o nosso entrevistado “a Liga escolheu o mês de outubro como o mês para se falar do cancro da Mama , sensibilizando a comunidade e chamando a atenção das pessoas para esta problemática. “
Neste âmbito , “a Liga desenvolve várias ações , a mais conhecida são as caminhadas que se realizam nos vários locais onde estamos implementados , com o objetivo principal de dar a conhecer o que é o cancro , a problemática do cancro da mama e chamar a atenção para a importância da sua prevenção.”
Luís Caldeira Roma, ainda sobre esta campanha, referiu que a mesma é desenvolvida em todo o País, incluindo a região Alentejo, onde a Caminhada Outubro Rosa está já muito enraízada, destacando a cidade de Évora como uma das que regista maior afluência de participantes.
A Liga considera que só falando no cancro é possível debelar o “inimigo” sendo crucial estas ações de sensibilização e informação, para chegar a uma maior prevenção ou, na pior das hipóteses, a um diagnóstico precoce, que pode, muitas vezes, fazer a diferença.”
Apoios da Liga Portuguesa contra o Cancro
A Liga Portuguesa contra o Cancro tem, em cada capital de distrito, os núcleos de apoio regionais- o Alentejo conta com os Grupos de Apoio de Beja , Évora e Portalegre- núcleos estes que pela proximidade junto das populações, têm um papel preponderante na vida dos doentes oncológicos e seus familiares.
A panóplia de apoios que a Liga disponibiliza nem sempre é do conhecimento da população pelo que, no entender de Luís Caldeirinha Roma, é essencial que esta mensagem possa ser divulgada. O responsável pelo Núcleo do Sul garante que “a liga consegue dar resposta a tudo o que um doente oncológico precisa, não há limites para nós.”
No que diz respeito aos apoios existentes, especifica: Para Pessoas carenciadas, “a Liga tem uma grande abrangência de apoios que vão desde medicamentos, próteses, viagens para tratamentos, cabeleiras, próteses mamárias, entre outros. Caso se verifique que aquele doente tem ainda outro tido de necessidade, como por exemplo alimentação, também dispoinibilizamos cabazes alimentares”, encaminhando posteriormente essas familias para as entidades que possam dar uma maior e melhor resposta nesse contexto.
A regra está bem definida como nos refere “qualquer doente ou familiar que nos procure nunca pode levar um não. Podemos levar algum tempo a dar resposta .”
Para as pessoas designadas como não carenciadas , “também existem apoios, em áreas importantíssimas e que fazem a diferença vida de quem padece desta doença: “acompanhamento emocional , apoio psico-oncológico, fisioterapia, entre outros.” A liga desenvolve ainda “ações de rastreios, tendo em vista a prevenção primária, que é a grande luta da Liga Portuguesa contra o Cancro e onde está a ser feito um trabalho muito interessante e frutuoso, especialmente junto das escolas.” acrescentou Luís Roma.
Quer num caso, quer em outro, o objetivo é apenas um “ atenuar o impacto deste flagelo.”
Voluntariado
A liga Portuguesa Contra o Cancro conta atualmente, a nível nacional, com cerca de 25 mil voluntários. Na Região sul são cerca de 700.
Um número que nunca é suficiente tendo em conta o aumento de casos da doença a que temos assistido nos últimos anos. Sobre esta temática, Luís Caldeirinha Roma admite que “não tem sido fácil recrutar voluntários nos últimos tempos” referindo estar a ser feito um trabalho de campo, junto dos mais jovens, nas escolas e Universidades, no sentido de palear à solidariedade dos mais novos e incentivando-os a darem um pouco de si em função dos outros.
Os voluntários existentes, maioritariamente, “são pessoas que já estão na reforma e isso acarreta alguns constrangimentos “. Para ser voluntário nada é exigido. A máxima em vigor é “precisamos de pedir pouco a muitos” por forma a não limitar a ação dos voluntários nas suas vidas pessoais. Segundo o direto do núcleo do Sul apenas “exigimos que o compromisso dessa disponibilidade seja rigorosa” justificando que os doentes dependem muitas vezes dos voluntários.
Atualmente, a Liga Portuguesa conta o cancro tem em vigor uma campanha de recrutamento de voluntários para a participação no peditório nacional, uma das maiores ações que a liga desenvolve anualmente e de extrema importância para a sua subsistência.
Apesar das dificuldades no contexto nacional, a nível do Alentejo explica-nos “não nos podemos queixar do número de voluntários, as solicitações é que são cada vez mais “ evidenciando que em Évora existe uma maior dificuldade na área do voluntariado hospital, uma das áreas de atuação mais importantes para a Liga.
Peditório Nacional e a sua importância
O Peditório Nacional para a Liga Portuguesa contra o Cancro decorre habitualmente no final de outro e início de novembro e é das atividades mais importantes para esta entidade.
Nos últimos anos , “este peditório tem rondado os 500 mil euros/ano, representando a maior parte da fatia das nossas receitas ; a Liga não tem mais nada, vivemos do que conseguimos angariar no peditório nacional, nos donativos que empresas e entidades nos vão dando e agora , mais recentemente, da consignação do IRS que nos vão atribuindo” diz Luís Roma.
O responsável afirma que é através destas receitas que a Liga consegue cumprir os seus compromissos financeiros aludindo aos resultados de 2023 no Alentejo: “no distrito de Beja foram angariados cerca de 82 mil euros, 41 mil fruto do Peditório e o restante de donativos,; em Évora 64 mil euros, 25 mil do Peditório e 39 mil de donativos e em Portalegre o peditório gerou 26 mil euros, tendo ainda sido entregues mais 32 mil euros de donativos.”
Considera essencial que as pessoas percebam a importância de as pessoas colaborarem com o que podem, pouco ou muito será uma ajuda e deixa um apelo à solidariedade de todos os que o possam fazer, pedindo que colaborem no Peditório quando o mesmo for realizado.
Contribuir para o apoio social e a humanização da assistência ao doente oncológico, em todas as fases da doença é a premissa da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Com o número de casos a aumentar é importante que as pessoas saibam que existe quem os possa ajudar num momento de maior vulnerabilidade e onde nem sempre existe a vontade de pedir ajuda. A mensagem da Liga Portuguesa contra o Cancro é de que esse pedido de ajuda deve ser feito.
No cumprimento da sua missão há uma máxima instituída que resiste ao tempo e aos maiores desafios e será para se manter sempre: “Enquanto a Liga Portuguesa contra o Cancro trilhar o seu caminho jamais um doente oncológico estará sozinho”.
Oiça aqui a entrevista completa: