Na Revista de Imprensa desta sexta-feira, dia 03 de fevereiro, contámos com o comentário do Eurodeputado José Gusmão do Bloco de Esquerda.
Os temas abordados no dia de hoje foram: escalada das taxas de juros nos créditos à habitação e o crescente aumento de renegociação dos contratos nos últimos 3 meses assim como o facto de BE defender que os proprietários de imóveis deviam colocá-los no mercado de arrendamento para colmatar a falta de habitação existente e ainda o facto do peso da dívida pública ter caído para 114,7% em 2022.
Para o Eurodeputado do BE “esta situação da habitação é uma situação gravíssima que o País já enfrenta há algum tempo e que foi agravada pela expansão de um negócio e de duas atividades” acrescentando “o BE sempre considerou que a expansão devia ser regulada , não proibida mas limitada.”
Para José Gusmão “esta limitação continua a não existir em alguns pontos do País
Para José Gusmão o problema reside “no facto de termos um parque de Habitação Pública muito limitado”. Ainda assim, considera “a grande questão é que grande parte da habitação privada tem sido comprar por fundos imobiliários , muitos dos quais não têm interesse em colocar os imóveis no mercado de arrendamento porque estão a especular com a carência de habitação, não havendo uma lei eficaz contra esta especulação e também porque o negócio desses Fundos Imobiliários é a revenda desses imóveis com mais valias consideráveis.”
Para o Eurodeputado o problema está em “o governo dizer que as soluções estruturais são de longo prazo , nomeadamente a constituição de um Parque de Habitação Pública que continua sem avançar há sete anos e ao mesmo tempo não temos soluções de curto prazo, nomeadamente soluções fiscais que penalizassem os fogos que estão devolutos e que coloquem esses fogos no mercado de arrendamento e que aumentassem a oferta disponível .”
Para José Gusmão a isto juntam-se políticas de dívida do BCE e de renegociação de dívida que “não mexe com os interesses do setor financeiro.”
“Não há milagres: os clientes e a Banca podem renegociar os créditos mas se o Governo não legislar sobre essa matéria, as renegociações serão sempre renegociações em que os clientes conseguirão, por exemplo, aumentar maturidades para os seus empréstimos mas será sempre em troca de qualquer coisa pois a Banca não fará negociações que a prejudiquem do ponto de vista financeiro, se a isso não for obrigada” acrescenta ainda a este propósito.
No que diz respeito ao segundo tema, José Gusmão refere “o risco da dívida pública está intimamente ligado à política do BCE da compra de títulos e esta redução é sobretudo um mérito da inflação e também por força do crescimento económico que temos.”
Ainda sobre esta matéria adianta “o Governo está a fazer uma grande festa com números que têm muito de postiços porque o crescimento que tivemos neste ano é movido pelo efeito base.”
Para José Gusmão “não vai ser possível manter estas taxas de crescimento com níveis de investimento historicamente baixos e com uma política de contenção de salários e pensões que deprime a procura agregada.”
“Está a ser feito um grande brilharete com os dados deste ano mas assim que o crescimento comece a estabilizar em todas as economias do euro, as pressões sobre a nossa dívida pública irão começar.”