Ramalho Eanes – ou general Eanes, como ainda lhe chamam muitos portugueses – apaga este sábado 90 velas. Tem o seu nome inscrito nas páginas da história: por ter sido o primeiro Presidente da República eleito em democracia, mas também por ter estado na linha da frente no momento de viragem rumo à democracia portuguesa.
Recuemos a 1976. Foi o ano em que Eanes seria eleito Presidente da República, arrecadando perto de 62% dos votos. Teve como adversários políticos Otelo Saraiva de Carvalho, Pinheiro de Azevedo e Octávio Pato. Assumiria a Presidência até 1986.
O seu nome conquistou uma maior “empatia” junto do eleitorado depois de ter dirigido as operações militares por ocasião do 25 de novembro de 1975. Para trás Ramalho Eanes deixava Angola, onde cumpria serviço quando os cravos saíram à rua a 25 de abril de 74. Já lá vai meio século. Antes tinha passado por Moçambique, Guiné-Bissau, Índia e Macau.
Poucos portugueses saberão deste detalhe da vida de Eanes, mas o oficial de carreira que foi o primeiro presidente eleito em democracia exerceu funções de diretor de programas e presidente da RTP, após a revolução de abril. Ficou pouco tempo no cargo.
Saiu da televisão em março de 1975, quando outra missão se perfilava na sua carreira. Delicada, por sinal. Eanes era chamado a dirigir as operações militares que evitaram o golpe de estado de 25 de novembro e punha fim a preocupantes tempos de tensão social.
Recentemente deixou um alerta ao país, onde admitiu que a democracia portuguesa não é satisfatória. “Não tem havido a preocupação de politizar os cidadãos desde a infância”, referiu num encontro com jovens, assumindo que “a República de abril oferece todas as liberdades, mas esqueceu-se que é necessário criar cidadãos, sobretudo através da educação”.
