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Prémio Internacional Terras sem Sombra entregues em Campo Maior

A intérprete de Flamenco Carmen Linares, o arquiteto João de Almeida e o Jardim Botânico de Cabo Verde, são os vencedores do Prémio Internacional Terras sem Sombra 2019, respetivamente nas categorias de Música, Património Cultural e Salvaguarda da Biodiversidade. A cerimónia de entrega do Prémio decorre em Campo Maior a 30 de novembro, numa cerimónia pública que tem por palco o Auditório do Centro Cultural. Bravo!

A associação Pedra Angular, promotora do Festival Terras sem  Sombra, já tornou públicos os distinguidos na nona edição do Prémio Internacional homónimo. Na categoria de Música, a distinção coube à espanhola Carmen Linares, uma voz incontornável no panorama   contemporâneo do Flamenco. O português João de Almeida, com longa carreira nas áreas da arquitetura e pintura, foi o homenageado na categoria Património Cultural. A ação do Jardim Botânico de Verde em prol da conservação e educação ambiental, foi reconhecida na categoria Salvaguarda da Biodiversidade.
Os distinguidos estarão presentes a 30 de novembro (17h30) no Centro Cultural  de Campo  Maior, para  receberem os  diplomas  de  mérito e  uma obra  de arte,  da  autoria da artista  plástica  Tânia  Gil.  O ato solene, que conta com o  apoio  do  Município  de Campo Maior, será presidido pelo Duque de Lafões, D. Afonso de Bragança.
Do alinhamento da cerimónia, destaque para a atuação ao  vivo  de  Carmen  Linares, acompanhada à guitarra pelo seu filho Eduardo Espín Pacheco. De acordo com António Ressano Garcia Lamas, do Conselho de Curadores do Festival, “o conceito do Prémio radica na  ideia  de  juntar  as  três  valências  do Terras  sem Sombra: a   Música,   o   Património   e   a   Biodiversidade,   salientando   contributos importantes nestas áreas. É uma forma de dar ao evento um encerramento agregador, conferindo-lhe uma condição  não  rotineira. O Prémio traz  sempre  alguma  inovação. Este ano dá-se o alargamento da iniciativa a Cabo Verde, um país com o qual Portugal mantém grandes  afinidades. Acresce a aproximação a Espanha, assim como a presença pioneira em concelhos  do Alto Alentejo”. 

Prémio reconhece três percursos exemplares 

Nascida em  Linares, na Andaluzia, em  1951, Carmen  Linares  é  considerada  uma  lenda do  Flamenco,  sendo  a  referência  para  toda  uma  geração  de  artistas  espanhóis. Intérprete de renome internacional, tem atuado com orquestras sinfónicas por todo o mundo, sob a direção de maestros como Josep Pons, Frübeck de Burgos, Joan Cerveró ouLeo Brouwer. Gravou álbuns de referência, entre os quais Antología de la Mujer el Cante – que reivindica o papel das mulheres na arte do Flamenco –, Canciones Populares de Lorca Raíces y Alas. Em 2019 editou Verso a Verso, um disco de homenagem aos poetas Miguel Hernández e Federico García Lorca. Entre os prémios que obteve ao longo da carreira, salientam-se a Medalla de Plata de Andalucía (1998), dois Premios de la Música (2002 e 2011) e a Medalla de Oro de BellasArtes (2006). Foi a única mulher do universo do Flamenco distinguida com o Premio Nacional de Música de Interpretación (2001). 
 

João de Almeida nasceu em Lisboa, em 1927 no seio de uma influente família açoriana de  vocação  artística.  Formou-se em Arquitetura,  tendo  assinado  numerosos  projetos ao longo da sua carreira, dos quais se destacam o da renovação do Museu Nacional de Arte  Antiga, o das  Residências  Príncipe  Real, no centro  de  Lisboa  (Prémio  Valmor1990), e o da  reabilitação  e  reconversão do  Convento  das Bernardas.  Ainda  enquanto estudante,  participou  na  fundação  do  Movimento  de  Renovação  da  Arte  Religiosa (MRAR),  conjuntamente  com  Teotónio Pereira,  Lagoa  Henriques  e  Nuno  Portas,  entre outros.

Na  Fundação  Medeiros  e  Almeida,  criada  em  1973  por  um  tio  seu  com  o  objetivo  de conservar e expor ao público as suas valiosas coleções de arte, tem desempenhado os cargos de administrador e consultor museográfico.

Em  anos  recentes, dedicou-se  ao  desenho  e  à  pintura.  Executa  peças  de  grande formato,  predominantemente  a  preto  e  branco, inspirando-se na  paisagem  da  orla costeira portuguesa.  Antes  de se  decidir pela  Arquitetura,  cursara Pintura,  tendo sido discípulo de Leopoldo de Almeida e, mais tarde, de Lagoa Henriques.

Data  de  1986 a  criação  do Jardim  Botânico  Grandvaux  Barbosa, em  Cabo  Verde, no interior   da   Ilha  de   Santiago,   devendo   a   sua   designação   ao   investigador   franco-português Luís Augusto Grandvaux Barbosa (1914-1983), autor de obras fundamentais sobre a vegetação do arquipélago.

O  Jardim,  que  conta  com  mais  de  60 espécies  diferentes,  nasceu  da  ideia  deum cooperante português, o biólogo Gilberto Cardoso de Matos, que lecionou a disciplina de  Biodiversidade  na  Escola  Superior  de  Educação  de  Cabo  Verde.  Um  jardim  com  a missão de obter e aclimatizar uma coleção de plantas endémicas e outras do território, para fins científicos e de visitação. 

Festival Terras sem Sombra
 

De  caráter  itinerante,  o   TSS, estrutura apoiada pela Direção-Geral  das  Artes, coloca  a tónica  na  descentralização  cultural,  na  formação  de  novos  públicos  e  na  projeção  do Alentejo  enquanto  destino  privilegiado  de  arte  e  natureza,  ao  mesmo  tempo  que assume  a  vocação  ibérica  e  exalta  a  cooperação  transfronteiriça.  A  programação,  de reconhecida   qualidade   e   âmbito   internacional,   contempla   concertos,   ações   de pedagogia artística, conferências temáticas e visitas guiadas sendo todas as atividades de entrada livre.  
 

A  valorização  dos  recursos  culturais  e  naturais  e  a  sensibilização  das  comunidades locais  para  a  sua  salvaguarda  e  valorização  constituem  as  grandes  prioridades  do Festival. Iniciativa que defende a inclusão social e territorial, atuando em rede, a partir de um conjunto de parcerias com as “forças vivas” do território.  
 

Em  2020, a  16.ª  temporada  do Terras  sem  Sombra decorrerá  entre  janeiro  e  julho, mantendo    a    sua    programação    centrada    na    música    clássica,    património    e biodiversidade.  O  Festival  vai  percorrer  os  concelhos  de  Vidigueira,  Campo  Maior, Arraiolos,  Sines,  Beja,  Alter  do  Chão,  Castelo  de  Vide,  Barrancos,  Viana  do  Alentejo, Mértola, Ferreira do Alentejo, Santiago do Cacém e Odemira, entre outros. 

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