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Terça-feira, Abril 16, 2024

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Edgar Silva, candidato presidencial assume “o compromisso de honra de promover todo um conjunto de diligências no sentido de preparar o país para a saída do Euro” (c/som)

Edgar Silva de 53 anos é o candidato presidencial apoiado pelo PCP. Conhecido na Madeira como padre Edgar, desvinculou-se da Igreja em 1997, foi deputado na Assembleia Legislativa da Madeira, tendo nas últimas eleições regionais conseguido melhorar o resultado do partido. 

Numa grande entrevista à Rádio Campanário, Edgar Silva justifica a sua candidatura como indissociável do vasto movimento social de exigência de um novo rumo para Portugal, “a minha candidatura, sendo uma candidatura necessariamente pessoal pela natureza do órgão, mas indissociável dum vasto e profundo sentido de que os valores de abril têm uma grande atualidade, (…) hoje face a um conjunto de erradas politicas, de erradas opções do governo que procuraram aniquilar conquistas de Abril, (…) não se circunscreve só a esta Legislatura, que se integraram numa vasta e profunda ofensiva contra as conquistas de Abril (…) onde os direitos são postos em causa, a desertificação de envelhecimento de morte social em tantas freguesias e concelhos do país, quando estas desigualdades crescem e a injustiça social aumenta, os valores de Abril ganham uma atualidade muito grande”.  

Questionado sobre as Legislaturas que contribuíram para a perda de valores pós 25 de Abril, Edgar Silva refere que “o conjunto de políticos contra o interesse nacional tem conduzido a este rumo que conhecemos, completamente desastroso para o interesse do país e dos trabalhadores, e teve nesta última Legislatura passos muito decisivos”, exemplificando, “a usurpação do direito das crianças ao abono de família, a Constituição da República consagrou o direito à proteção social como um direito fundamental dos portugueses, mas não foi só este Governo, muito antes até o direito ao abono de família conseguiram usurpar a milhares de crianças deste país, mas agora muito recentemente, já nesta Legislatura o atentado contra os direitos dos reformados e pensionistas, idosos, que viram o assalto aos seus rendimentos, e aos seus direitos acontecer de uma forma tão incisiva que teve a conivência do Presidente da República, nós vemos agora um conjunto de medidas que foram implementadas de completo terrorismo social que retiraram direitos fundamentais”.

Instado sobre se a última Legislatura foi uma consequência das anteriores, Edgar Silva responde que não tem dúvidas disso, “tem a ver com um conjunto de politicas que fizeram com que o país se segurasse a interesses estrangeiros, tem um conjunto de anteriores Legislaturas da responsabilidade quer do PSD quer do PS que lesaram o país nas áreas das politicas referentes ao Euro e a um conjunto de imposições que atentaram contra a nossa capacidade produtiva onde nós temos capacidades de recursos de pescas e desde a adesão à antiga CEE, atual União Europeia, foram-nos tirado os direitos a utilizar as nossas capacidades”.

Sobre se as medidas enumeradas têm por base a sua defesa na saída do Euro, o candidato refere que como candidato à Presidência da República, o compromisso que assume é a de defender a importância da promoção de “uma vasta reflexão” para que se “avaliem e se preparem todas as condições necessárias para a defesa do interesse nacional”.

Se a defesa do interesse nacional é a saída do Euro, Edgar Silva retorquiu, “tem que haver uma profunda reflexão, requer um especial compromisso (…) sendo eleito Presidente da República, uma das áreas prioritárias é a intervenção sobre a soberania financeira e monetária onde a questão do Euro tem que ser discutida e desse ponto de vista assumirei o compromisso de honra de promover todo um conjunto de diligências no sentido de preparar o país para essa eventualidade”.

Quando perguntado, caso venha a ser eleito Presidente da República, influenciará a saída de Portugal do Euro e se a preparação será para já, Edgar Silva diz que não pode falar em nome do PCP, mas enquanto candidato presidencial, assume que sim, “face a um compromisso decorrente da politica do Euro, da moeda única que foi imposta ao país, se há um conjunto de incidências tão desfavorável e negativas para a economia nacional, isso põe em causa aspetos de afirmação da independência, da soberania nacional, o Presidente da República está obrigado a promover todo o envolvimento, desde o ponto de vista pessoal e enquanto órgão de soberania com outros círculos e centros de influencia politica, uma reflexão capaz de preparar o país para essa perspetiva que se pode vir a impor como necessária a curto prazo”.

Convidado a pronunciar-se sobre a Constituição da República, se está adaptada ao programa e aos objetivos, o candidato diz que “a mesma obriga a que o presidente da República jure defender essa Constituição, cumpri-la e fazê-la cumprir, constitui uma base politica e uma base programática capaz de unir um conjunto de democratas ligados a valores progressistas, todos aqueles que querem há muito um país soberano e independente ao desenvolvimento e com direito ao desenvolvimento do progresso e justiça social, a Constituição, consagra valores e linhas de compromisso capazes de salvaguardar esse futuro diferente para o país”.

Relativamente a já ter exercido o sacerdócio e para que faça uma análise sobre as diferenças entre o sacerdote e o político, o candidato diz que “de acordo com a Constituição, o Estado Português é um Estado que se assume como laico e que não trata de forma diferenciada os cidadãos em função das suas convicções religiosas, do sexo, do género, da sua condição económica, social e cultural e portanto o Presidente da República está obrigado a, para além das suas convicções, a exercer uma magistratura e todo um cargo que tem a ver com incumbências que decorrem da Constituição que tem que ser consideradas nos termos da laicidade do Estado e não podem ser as convicções (…) do ponto de vista da opção fundamental enquanto cidadão que é cristão e católico, houve uma opção fundamental para quem está do lado dos mais desfavorecidos e dos que são os mais explorados na sociedade portuguesa e essa opção preferencial de quem toma partido pelo lado da vida e da história, não teve uma rutura, é uma linha sequencial”.

Quando interrogado sobre se a Igreja era pequena demais e não respondia aos seus desafios e por isso saiu dela para ter uma voz mais ativa e mais interventiva nas áreas que defende, Edgar Silva refere que “para intervir politicamente no plano da vida social e politica não se tem que sair da igreja, eu do ponto de vista da minha intervenção cívica nessa linha sequencial fiz uma opção em relação ao exercício do Ministério Sacerdotal de não continuidade do exercício desse Ministério (…) eu considerei que não seria aceitável estar no Parlamento como deputado e ao mesmo tempo exercer responsabilidades pastorais”.

Solicitada uma resposta clara sobre a questão em que a Igreja seria um espaço pequeno para a ação de Edgar Silva, o candidato responde que o que está em causa não é a dimensão dos projetos, são os valores e esses mesmos valores colocaram-se como espaços de intervenção noutras mediações a partir de outros convites que foram feitos, não há uma renúncia a valores com os quais estava e estou identificado, não há um rejeitar de determinados valores que configuram uma opção fundamental, há que dar sequência a essa mesma opção noutros contextos e noutras áreas de intervenção social e politica”.

Se continua a praticar a fé e se continua a ir à missa e a responder aos apelos da Igreja, o candidato presidencial diz que neste momento não tem qualquer vínculo com a Igreja Católica, “neste momento acompanho e há pessoas com quem mantenho relações de muita proximidade, participo num ou noutro evento mas não estou integrado ou vinculado (…) sou praticante dos valores da justiça e da solidariedade, (…) nem sempre tenho disponibilidade, só a alguns eventos muito especiais, (…) não tenho sequer disponibilidade (…) a disponibilidade neste momento é um motivo maior”.

Sobre o PCP ser o partido que menos fieis reúne, diz discordar, “tenho conhecimento que muitas pessoas que tendo militância no Partido Comunista não renunciam a ter uma intervenção ativa e continuada no âmbito da Igreja Católica como noutras religiões e noutras Igrejas, o que nos divide ou caracteriza não são as opções de índole religiosa, não são esses fatores nem sequer de identificação”.

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