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Sexta-feira, Março 29, 2024

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ENTREVISTA RC: Discoteca Praxis, em Évora, a resistir à pandemia com novos serviços e “novos desafios” (c/som)

Desde março que ninguém dança e se diverte na pista de dança de uma discoteca ou bar. Este setor foi dos primeiros a fechar devido à COVID-19 e dos últimos a abrir. Ainda assim, em agosto quando o Governo permitiu a reabertura com regras diferentes e restritas muitos não reabriram por não serem medidas suportáveis.

Um desses exemplos é discoteca Praxis, localizada no centro da cidade de Évora. Esta discoteca encerrou as suas portas a 13 de março, “antes do Governo obrigar a isso”, e apenas voltou a reabrir sete meses depois, a 06 de outubro.

Em entrevista à Rádio Campanário, Luís Coelho, Gerente do espaço, relata a situação difícil que viveram durante esses meses e a incerteza que ainda é vivida nos dias de hoje, pois nunca sabem se terão de voltar a fechar portas.

A Praxis foi “a primeira empresa do género, a nível nacional, a fechar” e a reabertura em outubro foi um momento muito esperado, mas com um sabor agridoce. Durante sete meses o estabelecimento esteve encerrado e “as coisas foram muito complicadas”. Porém, “neste momento estamos a tentar dar a volta com as possibilidades que há, que são muito reduzidas, porque os apoios não são grandes”. Apesar de terem recorrido ao lay-off durante o confinamento, pois “era a única ajuda onde nos podíamos agarrar” o momento foi sempre difícil.

Atualmente, relata Luís Coelho, a incerteza e o medo mantêm-se pois tudo está “sempre a mudar e nunca sabemos com o que é que podemos contar”. Neste momento, revela que tudo está a acontecer “dentro do que é esperado”, garantindo dentro da Praxis havia “a noção de que as coisas iriam ser difíceis, porque transformar uma discoteca noutra coisa que que não seja uma discoteca”.

Apesar de o Governo ter dado a possibilidade de reabertura em agosto, a gerência não acho que seria suportável pois “o conceito de discoteca não dá para mudar, ou seja, imagine-se um restaurante a servir jantares até às 3h, não faz sentido. É o mesmo que uma discoteca estar aberta até às 20h”.

No entanto, para a sua reabertura em agosto, tiveram de seguir algumas destas normas, entre elas servir refeições ligeiras, pois “de outra forma não poderíamos estar abertos”.

Apesar de não estarem neste momento a funcionar com o conceito desejado, que seria o de discoteca, Luís Coelho garante que a saúde pública “está sempre” em primeiro e por isso a “qualquer cliente que venha ao estabelecimento é medida a temperatura à porta, toda a gente tem de usar máscara, todos os dias é medida a distância entre as mesas de pelo menos dois metros, até há uma semana tínhamos o máximo de cinco pessoas por mesa, toda a gente desinfeta as mãos quando entra na discoteca e há desinfetante disponível para toda a discoteca”. Aqui todas as normas e diretrizes são cumpridas, “mas sentimos que mais cedo ou mais tarde vamos ser obrigados a fechar outra vez”.

Apesar de terem encerrado durante sete meses, sem obter qualquer lucro, “mantemos todos os empregos” e, entretanto, “já contratámos mais duas pessoas, mas é difícil manter as coisas neste ritmo”. O gerente refere que “compreendemos que a saúde está em primeiro lugar e ainda por cima as coisas estão a piorar, mas não nos podem cortar as pernas. Estamos a falar não só de Praxis, mas de uma indústria inteira”.

Questionado como é que se vive uma tão grande incerteza, relata que “não conseguimos planear a nossa vida, nem descansar os nossos empregados porque nunca sabemos o que pode acontecer no dia de amanhã”. Explica que este é o sentimento que existe em todo o país, mas crê que “somos os mais prejudicados e toda gente sabe e tem noção disso. É uma situação que nem dá para planear a longo prazo, nem a médio prazo, ou seja, temos de estar a planear as coisas ao dia”.

Com o horário diferente, agora das 21h às 01h, e com uma capacidade para 150 pessoas, sendo que, por noite, têm agora “uma média de 70 pessoas”, a Praxis reabriu com alguma estranheza e métodos de trabalho diferentes, mas com alguma adesão por parte do público que aguardava a reabertura do espaço.

“Inicialmente sentimos que [os clientes] acharam isto completamente estranho, mas neste momento já estão habituados. Ou seja, a questão de como funciona ou de como se faz para pedir alguma coisa ou para reservar mesa, as pessoas já estão habituadas, até porque houve várias coisas que mudaram em relação ao trabalho de staff, por exemplo, nós é que vamos servir às mesas, ninguém se levanta para ir pedir aos bares, temos esse cuidado para não haver afluência ao bar. É uma nova experiência”, conta o gerente.

A Praxis tem todos os seus espaços interiores aberto, exceto uma das esplanadas, e mantém o seu DJ e todas as sextas-feiras tem música ao vivo, de forma a “cativar o cliente”. Segundo Luís Coelho, “as pessoas estão bastante confortáveis”, até porque o staff tudo faz “para que se sintam o mais confortável possível” dentro do espaço.

Um dos maiores públicos da Praxis são os estudantes universitários que agora estão de regresso À cidade, assim a discoteca está a trabalhar, fazendo “preços apetecíveis” e dando “regalias” para que estes frequentem o espaço.

Quanto a lucros, durante os sete meses em que estiveram fechados a quebra foi de 100%, sem qualquer lucro, mas neste momento já é possível haver alguma estabilidade, “conseguimos pagar tudo o que temos para pagar, ou seja, o que podemos concluir é que vale a pena estar aberto mesmo perante estas condições”.

Por fim, o gerente Luís Coelho, garante que apesar das dificuldades “o balanço é positivo” e é “um desafio para nós”. Espera que “não nos fechem novamente, até porque se fecham as empresas novamente, é muito difícil qualquer empresa neste país aguentar”.

“É ter uma esperançazinha que as coisas vão começar a correr melhor e que aos poucos a coisas vão voltar como antigamente”, frisa.

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