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“Estar no lote dos 36 melhores do Campeonato do Mundo de Karting já será uma vitória”, diz jovem piloto Miguel Silva (c/som)

Miguel Silva, tem 15 anos, e este ano vai, pela primeira vez, correr no Campeonato do Mundo de FIA de Karting em Portimão, de 05 a 08 de novembro.

Em 2016, com apenas 11 anos, o pai incentivou-o a experimentar corridas de karts, algo que via no kartódromo de Palmela, onde vive, mas que nunca o chamou à atenção.

“No início estava um pouco com receio, mas quando comecei a praticar percebi que era aquilo que eu gostava e quando fazemos o que gostamos, é continuar e não desistir”, conta.

Após o incentivo do pai, que foi também ele piloto de karting, começou “a treinar mais, a praticar mais, a preparar-me e quando tive a minha primeira corrida senti a competitividade e senti como era estar dentro do kart, aí já era diferente”.

O ano de 2016 “foi uma fase experimental”. Neste ano os resultados não foram os melhores, não tendo terminado nenhum campeonato, mas após momentos de indecisão se deveria ou não continuar na modalidade, decidiu dar mais uma oportunidade e “na época seguinte os resultados começaram a surgir e ganhei ainda mais motivação. Não era só o prazer de conduzir, mas disputar corridas e disputar vitórias”.

Em 2017 disputou o Campeonato Nacional como juvenil e ficou em 6º lugar, explica que começou a ficar em lugares da frente, mas sem nunca subir ao pódio, “eram muito competitivas as corridas na categoria, apesar do kart ser mais pequeno e ser diferente, mas estava muito motivado e a competitividade era muito grande e quando percebi que tinha capacidades quis continuar”.

Em 2018 sobe de categoria e passa a júnior, com dimensões maiores no kart, deu “um grande salto”.

Porém, esse ano foi difícil, “os resultados não surgiam, andávamos no meio da tabela, na luta, não estava fácil, cheguei a estar desmotivado, mas depois houveram as férias de verão e a pausa e quando voltámos começámos a treinar com mais intensidade e começaram a surgir resultados melhores”, conta Miguel Silva.

Sobre a desmotivação sentida nesse ano, explica que o facto de ser um dos pilotos mias novos a competir pode ser um dos motivos para tal, “sentia-me intimidado e sentia que era inferior também pela carreira deles, pelos títulos que alguns já tinham alcançado e pela idade”.

Sobre a dificuldade e o risco da modalidade, esclarece que andar de kart “só é perigoso se o tornarmos perigoso. Se formos numa de doideira as coisas podem correr mal, mas se tivermos um mínimo de juízo e bom senso e mantermo-nos nas linhas corre sempre tudo bem. Temos de ter sempre calma porque as corridas não se ganham na primeira volta e não podemos cometer riscos que nos podem sair caros, não só a nós, mas também, por exemplo, arriscar uma ultrapassagem e termos uma colisão com um adversário pode sempre estragar uma corrida”.

Sobre a forma como treina, afirma que “as equipas têm todo o material” e, normalmente “antes das corridas dirigimo-nos para a pista em que vai decorrer a corrida e treino sozinho. Vou no meu kart, tenho a preparação da equipa e tenho o meu tempo, tenho o meu treino, várias sessões para aperfeiçoar e também a ajuda dos meus chefes de equipa e mecânico e de quem me estiver a acompanhar para aperfeiçoar as minhas trajetórias e aperfeiçoar o kart para eu me sentir melhor”.

Sendo ainda um jovem de 15 anos, Miguel Silva tem de saber gerir a carreira desportiva, com a vida escolar e a vida social.

Relativamente aos treinos e à vida escolar conta que “os nossos treinos são longos, têm a duração de um dia, não seguidos, por exemplo, andamos 15 minutos, paramos para fazer alterações no kart e para descansar e depois retomamos e dura dias, podemos também treinar em tardes, mas acaba por ser difícil com a escola, então tentamos aproveitar os tempos livres do fim de semana e se tiver alguma tarde livre na escola”.

Já sobre a vida social, frisa que “temos que manter o foco da escola porque nunca nos podemos desviar e temos de saber bem o que queremos e ver se preferimos ir sair com os amigos ou se preferimos ir treinar para melhorar o nosso desempenho. Acaba por ser uma decisão pessoal, cada um sabe o que é melhor para si, no meu caso eu escolheria o treino porque é o meu foco”.

Em 2019, integrou uma nova equipa a Parolin Iberian Team, pois sentia que era “só um piloto secundário” na equipa onde estava e esta prometeu “dedicar-se e apostar em mim para ganhar e surgiu o convite e não hesitei”.

Sobre os próximos dois campeonatos, o nacional este fim de semana no Kartódromo Internacional do Algarve (KIA) e o mundial no mesmo local em novembro conta que a sua equipa está “inserida na equipa de fábrica para termos acesso a outros benefícios de quem fabrica os nossos chassis e motores para melhorar o desempenho”.

Relativamente às potencialidades do kart e do seu motor revela que “os nossos motores são selados (…). Acaba por ser o piloto que tem que fazer a diferença e não o motor em si. Mesmo assim há diferenças e nós é que temos de sentir quando estamos na pista e analisamos a telemetria e essas tecnologias para conseguir perceber, entre os motores que temos qual o que tem melhor desempenho para utilizarmos na corrida”.

O Campeonato do Mundo FIA de Karting irá acontecer no KIA e sobre o facto de ser em Portugal e as suas vantagens, Miguel Silva explica que “tenho mais conhecimentos do traçado e estou mais familiarizado. Ainda por mais, tendo agora o campeonato nacional na mesma pista, vou poder adaptar-me mais e preparar-me para o mundial, temos sempre a vantagem de correr em casa, não só pelo público, mas porque é mais fácil para treinarmos e podemos aperfeiçoar a nossa performance para quando chegarem os chamados campeões do mundo que vêm de fora, temos sempre vantagem inicialmente”.

Para conhecer e ter um bom desempenho no percurso, revela que “primeiro temos várias sessões de treinos livres para conseguirmos corrigir os nosso erros e habituarmo-nos à pista, depois temos uma qualificação, penso de seis minutos, em que vamos para a pista e quem fizer o melhor tempo vai saindo mais à frente na grelha e isso vai definir o lugar em que vamos arrancar na corrida. Depois na corrida, como só podem correr 36 karts em pista, e são mais que 36 participantes, devem ser entre 80 a 100 participantes, vamos ter várias mangas de qualificação em que nos dividem em grupos e fazemos corridas de grupos para grupos para conseguir qualificar os 36 melhores para passarem à final”.

“Ir à final do campeonato do mundo já é uma coisa extraordinária, obviamente que queremos sempre mais, mas só estar no lote dos 36 melhores já era uma vitória”, revela.

Questionado sobre o que faz dele o campeão, explica que “vou dar o meu máximo, é uma corrida em que nunca se sabe o que pode acontecer, também não sei qual será o meu ritmo, espero que seja bom e tanto posso estar a disputar os lugares da frente, como posso ter azar na qualificação e arrancar mais detrás e ter corridas mais difíceis, mas vou dar sempre o meu melhor e tentar sempre andar o máximo à frente. Obviamente que se não ganhar ou não fizer um TOP10 não vou ficar triste, porque também sei que não é fácil e que todos os pilotos que estão lá são os melhores do mundo. Então obviamente que tenho expectativas de conseguir andar bem, mas também sei que os outros também vão andar bem”.

Em quatro épocas de corridas, Miguel Silva já sofreu várias derrotas, assim como teve várias vitórias, em ambas refere que aprende sempre, “nas vitórias vejo que fiz bem para conseguir, mas antes das vitórias também vieram as derrotas e os meus erros que me fizeram perceber o que tinha de mudar, como tinha de agir e a mentalidade que tinha de ter nas corridas para conseguir ganhar uma”.

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