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Terça-feira, Março 19, 2024

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“Nenhuma IPSS tem dinheiro para pagar a um médico, nem a uma enfermeira só para assistir a instituição” diz Pároco de Reguengos de Monsaraz (c/som)

Em junho quando a pandemia começava a dar tréguas no Alentejo e se estava a voltar à normalidade, surge em Reguengos de Monsaraz um surto da COVID-19, num lar de idosos.

Desde o dia em que começou, o surto já provocou 16 óbitos e mais de uma centena de casos de infeção no concelho.

Em entrevista à RC, o Pároco de Reguengos de Monsaraz, Manuel José Marques, explica que a “situação está a ser vivida com muita sensibilidade, com uma dose de emoção muito grande e com uma preocupação de toda a população”.

O padre Manuel José Marques já foi, por duas vezes, testado à COVID-19, sendo que ambos os testes deram negativo. Sobre a testagem crê que “qualquer pessoa deve fazer o teste também. Se há contactos, se há suspeitas, se há sintomas ou se há alguma razão que me leve a pensar que posso estar a ser alvo de contágio para outras pessoas, devemos fazer o teste. Pelas minhas funções quer como pároco, quer como presidente de IPSS, tenho uma responsabilidade redobrada, porque contacto com pessoas e idosos todos os dias e não posso estar a pô-los em risco”.

Relativamente às IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) e à falta de recursos que estas têm, que nos dias que correm, devido à pandemia, se fazem sentir cada vez mais, afirma que “é preciso andar muito distraído para não percebermos que as IPSS vivem imensas dificuldades económicas, quando não há dinheiro não se pode pedir mais”.

O Pároco de Reguengos de Monsaraz explica que “não é possível pagar a um médico para estar a assistir a uma instituição, porque nenhuma tem dinheiro para pagar a um médico, nem a uma enfermeira para 20 utentes”.

“As instituições particulares em que as pessoas pagam, provavelmente poderão, mas a grande maioria das instituições não tem condições para ter técnicos para tudo, é lógico”, frisa.

Questionado de os surtos em lares podem estar relacionados com estas dificuldades, esclarece que “qualquer mínimo descuido pode provocar isto”. Porém, revela que “nas instituições são muitas pessoas a entrar e a sair todos os dias, não podemos pedir às funcionárias que durmam no local de trabalho, nem as instituições têm condições para isso. Não vale a pena andar a apontar dedos a responsáveis”.

Quanto ao comportamento dos reguenguenses no momento que estão a viver conta que “voltou o receio”, mas que “neste momento vive-se serenamente”.

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