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Sábado, Abril 20, 2024

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Rádio Campanário – Manuel Gonzaga candidata presidencial apoiada pelo PAN diz que “as pessoas comem de uma forma como se não houvesse amanhã” (c/som)

A historiadora, escritora e ex-jornalista Manuela Gonzaga vai entrar na corrida para Belém com o apoio do Partido PAN – Pessoas Animais Natureza sob o lema “liberdade incondicional” para todos.

Numa grande entrevista à Rádio Campanário, a mãe de quatro filhos, natural do Porto, nasceu a 18 de março de 1951 mas que viveu também em Moçambique e Angola, tem várias motivações que a levam a apresentar esta candidatura, entre elas “uma de causas” e o facto de estar ligada ao PAN onde encontrou “espaço e campo para poder alavancar as causas em que acredito e contestar o tempo que estamos a viver que é tão cheio de desafios mas também cheio de perigos, tanto a nível nacional como internacional, aqueles que podem ter esta oportunidade de dar à coletividade e à nação uma parte da sua energia, devem fazê-lo, é um imperativo dar a voz a quem não a tem”.

Questionada sobre a Constituição da República, Manuela Gonzaga considera que um presidente não a pode alterar, concordando no entanto que possa existir uma reflexão, “mas para já não, precisamos de ativar todos os mecanismos que temos para que a democracia funcione”.

Apesar de ainda não ter reunidas as 7500 assinaturas que viabilizam a sua candidatura, a candidata diz que está perto de as concretizar, alertando que não se candidatou “por uma questão de intenção, na minha candidatura temos janelas de oportunidade”, salientando que em algumas das 17 candidaturas até agora conhecidas, “há algumas que têm grandes máquinas partidárias a apoiá-las e nós sabemos o que as máquinas partidárias têm feito em relação à politica deste país nos últimos anos, têm os seus próprios interesses, se aparecem pessoas da sociedade civil, significa que a sociedade civil está viva e é uma dádiva porque isto é um caminho intranquilo”.

Manuela Gonzaga falou também sobre a dificuldade em passar a mensagem devido “à falta de tempo de antena, a partir do momento em que entregarmos as assinaturas, naturalmente vou ter palco para falar e vamos ver quantas pessoas ouvem” a mensagem do PAN.

Quando questionada sobre o teor do manifesto a candidata refere que as medidas anunciadas têm que ser exequíveis “porque em termos ecológicos e ambientais nós assistimos a muitas catástrofes que nos afetam a todos, o PAN apresenta projetos”, salientando que “o partido tem um projeto de Governo (…), tudo parece ser muito simplista mas as nossas 160 medidas foram estudadas a fundo, mas não é de repente que se mudam mentalidades, o que propomos é mudar coisas que, se houver catástrofes, elas não sejam tão drásticas”.

“O pior problema que neste momento se coloca não é o confronto entre a direita e a esquerda, é o confronto das pessoas que não pensam e a maior parte das pessoas está induzida para não pensar”, assinala.

Manuela Gonzaga aborda a forma como os animais são tratados na indústria pecuária intensiva, considerando excessiva a quantidade de carne que a população ingere, “um problema ambiental e de saúde pública e ético, as pessoas só há 20 ou 30 anos consomem produtos de origem animal quatro vezes ao dia e estão com a saúde de rastos (…) não é dizer às pessoas que não comam carne, é dizer às pessoas que não comam tanta (…) o nosso comportamento afeta tudo e todos”.

Quando questionada sobre se com ponto do manifesto eleitoral onde é referida a intenção de substituir a experiencia animal por alternativas e garantir maior proteção aos animais de companhia e banir a utilização de animais para entretenimento, libertar os animais da exploração e instrumentalização, pretende a extinção da espécie animal, Manuel Gonzaga diz que “com o nosso comportamento viral já provocamos a extinção massiva de que uma série de animais por causa da ação do homem (…) as pessoas comem de uma forma como se não houvesse amanhã”.

No que concerne à utilização de animais em circos e corridas de touros, a candidata declarou que “as pessoas tomam como dado adquirido maus hábitos que consideram extraordinários porque em duas ou três gerações já os aplicaram, os circos com animais são muito cruéis”.

A candidata presidencial diz que já visitou ganadarias, considerando o touro bravo “um animal lindíssimo” no entanto diz que caso deixassem de realizar touradas não seria necessária a sua extinção nem terminar a sua criação mas “configurada a herdade para contemplar o touro de lide e haveria até uma reserva para receber outros animais, o touro bravo não tinha que ser extinto (…) mas estamos a falar da minha candidatura presidencial e subscrevo os ideais do PAN, sem dúvida alguma (…) se entrarmos em especificidade em acabar com o touro de lide corre-se o risco de ficar muito pela rama, mas se me disser se concordo com a tourada, não, acho um espetáculo tristíssimo”, retorquindo, “quando um conservatório em Lisboa não tem dinheiro nem para os telhados, nós não achamos legitimo que estejamos a pagar com o nosso dinheiro, se os aficionados querem touradas, paguem-nas”.

Instada a provar as declarações proferidas sobre as verbas estatais que refere, Manuel Gonzaga diz que “em vários pontos do país as câmaras e as juntas distribuem bilhetes gratuitos pelas pessoas e esse dinheiro é dos contribuintes”, justificando que foram oferecidas recentemente “por escolas primárias e creches, bilhetes gratuitos”, acrescentando que também a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira “paga essas festas (…) quem ofereceu foram entidades e isso é público e está publicado (…) eu sei o que se passa no Campo Pequeno, está às moscas, com muito poucas pessoas, tenho lido nos jornais, os bilhetes são oferecidos por isso, (…) eu leio os desabafos no Protoiro”.

Quando convidada a expor a sua tomada de posição, caso exercesse neste momento o cargo de Presidente da República, Manuela Gonzaga diz que “não deixava o Governo em suspenso, nomeava o Governo dito da oposição porque tem um quórum para governar, não podemos perder tempo e não é uma questão de esquerda nem de direita, é uma questão de objetividade e o país não pode parar”, acrescentando, “tenho muita pena que o presidente (Cavaco Silva) esteja a demorar tanto tempo a tomar essa ou outra decisão (…) eu tenho que concordar que não posso antever que isso irá durar quatro anos, mas muito mais frágil é termos um Governo que não tem capacidade de governar (…) que garantias dá um Governo que não tem maioria?”.

 

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