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Sexta-feira, Abril 19, 2024

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“Vir de férias é uma alegria, mas o regresso é triste! A saudade pesa…para quem parte e quem fica” diz Isaulina Ramalho, calipolense Emigrante em França(c/som)

O mês de agosto é o tempo da peregrinação dos emigrantes às suas terras de origem. Neste tempo de férias, vindos de todos os países do mundo, os portugueses regressam ao país, à terra, a casa, à família. Este é o momento de matar saudades, de rever amigos, de carregar baterias.

A Rádio Campanário esteve à conversa com Isaulina Ramalho, natural de Vila Viçosa, emigrada em França há 20 anos, numa conversa onde a emoção e os sentimentos falaram mais alto e a voz se embarga quando se fala de Portugal, da família e da saudade.

Isaulina partiu para França em busca de uma vida melhor. Deixou para trás a família e o seu país e apesar da passagem dos anos, recorda o momento como “um momento muito triste , acompanhado de muitas lágrimas“ descrevendo a vida de emigrante como uma vida “nada fácil e de muita escravatura.” Encontrou na língua do seu novo país a maior dificuldade mas ainda assim arregaçou as mangas e, cozinheira de profissão, foi trabalhar para um restaurante português e, a pouco e pouco, foi aprendendo a falar francês.

Atualmente aguarda a reforma e os seus olhos brilham quando diz “vou voltar para o meu país” e é nesta certeza que encontra forças para continuar longe. Descreve o ano de 2020 como um ano péssimo pois devido ao encerramento de fronteiras, não pode vir a Portugal no período de férias como era habitual. Sobre este momento diz “ senti-me muito em baixo por não poder vir ver os meus familiares”. A voz fica embargada só de os recordar.

Costuma vir a Portugal no Natal e no Verão e descreve os momentos que antecedem este regresso como “ momentos de grande ansiedade, o tempo não passa.” As malas começam a ser feitas em julho e  com muita alegria . Isaulina Ramalho acrescenta “ a viagem torna-se longa “ numa luta contra o tempo em busca de um abraço, do nosso país, dos nossos, dos que durante todo o ano moram no nosso coração. O momento de chegada a Portugal é, segundo nos referiu a própria “ como se ganhasse o totoloto ou o euromilhões, a maior alegria da minha vida.”  

Questionada sobre o que sente quando se aproxima o momento de regressar a França diz com convicção “tristeza, muita tristeza.”  Fica emocionada quando refere que “a tristeza invade o meu coração”  quando parto e  “olho para trás deixando a minha família , regressando ao país que me acolheu mas que não é o meu.”  O momento do regresso é duro, para quem parte e para quem fica! Do que sente mais falta um emigrante? Isaulina Ramalho não hesita na resposta “de tudo : da família, da nossa comida, da nossa língua, de tudo” sublinhando que nos momentos de maior fraqueza, embalada pela tristeza, vai para a janela olha em frente e “vê Portugal”, não no alcance da sua visão mas com os olhos do coração.

Sabe o quão difícil é, e por isso mesmo deixa um conselho: “se puderem fiquem no vosso país, vivam em Portugal porque ser emigrante não é fácil. levantar-se ás cinco da manhã e regressar a casa à meia noite, não é fácil mesmo.” Descreve a saudade “como uma palavra muito pesada para quem está fora do seu país “.Questionada como lida com este peso responde “com angústia, com desespero, com dias enervados, com muita tristeza.”

Para já não quer pensar no regresso pois só o fará  em setembro e este é o tempo de aproveitar: o seu país, o seu Alentejo, a família, os amigos, o amor.

Partir para longe da terra que a viu nascer e de todos aqueles que ama dói…chora quem parte e chora quem fica! Na bagagem carrega o amor que recebeu nestas férias! Na bagagem carrega a certeza de que irá regressar brevemente e de vez…Para os braços da sua terra natal, da sua família, do seu país! Porque há braços que são de todo insubstituíveis!

Oiça aqui a entrevista:

 

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