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Quinta-feira, Abril 25, 2024

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Alentejo Marmòris dá vida à pedra nobre de Vila Viçosa

Foto: Site Alentejo Marmòris Hotel & Spa

O Alentejo Marmòris Hotel & Spa, prestes a fazer dez anos de existência, nasceu da vontade de Manuel e Maria Ana Alves de assegurarem o futuro das filhas. E do amor pelo mármore, a pedra nobre de Vila Viçosa. E foi desta forma que, em 2011, começaram a construção daquele que seria o primeiro hotel da empresa e que implicou um investimento de cerca de 8 milhões de euros – com 700 mil euros de apoio do QREN.

Mas comecemos pelo início. Sim, porque o hotel não é o início da história desta família. Na verdade, tudo começa com a comercialização e transformação, e mais tarde, também com a extração de mármore. O negócio corria (muito) bem, mas o casal queria assegurar o futuro das duas filhas. Mesmo porque, como lembra Suzete Alves, diretora do Alentejo Marmòris Hotel & Spa, trata-se de um negócio muito masculino e duro.

E, desta forma, os proprietários da Jardimagestic entraram num novo negócio: o da hotelaria. A ideia inicial, apesar de o negócio do mármore estar em Vila Viçosa, foi a de usar uma propriedade que tinham em Sintra. Dificuldades burocráticas, a par da compra de um antigo lagar de azeite mudaram o que parecia ser um destino certo.

Como refere Susete Alves, a compra, o projeto e construção do hotel em Via Viçosa demorou muito menos tempo que o licenciamento do hotel em Sintra. “Estavam os dois a decorrer ao mesmo tempo. Era ver o que ocorria primeiro”, acrescenta, apontando que, na altura, estando no liceu, decidiu enveredar pela área da hotelaria. “Casaram um pouco as vontades”, constata.

O hotel está localizado num antigo lagar de azeite, um edifício que, aquando da compra, já se encontrava bastante degradado. A construção demorou quatro anos. A demora deveu-se, em grande medida, devido à decisão de ter um spa e uma garagem. Toda a operação poderia ter decorrido de forma mais simples e rápida não fossem essas duas áreas. Porquê? Porque aquando da escavação e preparação das fundações se encontrou muita pedra no caminho. Literalmente. “Extrair pedra é muito mais complicado do que extrair solo”, aponta a diretora, adiantando que demoraram um ano só para a escavação do piso -1. A explicação é simples. A pedreira da família não podia parar e a maquinaria que que estavam a utilizar para escavar o piso -1 era a maquinaria da pedreira.

A ideia foi sempre a de utilizar o hotel quase como que um mostruário do mármore. Uma decisão que não só seguia o que já era uma tendência – os hotéis temáticos – como ajudava, em termos de custo, porque a pedreira da família facultava a matéria-prima e ajudava ainda a “vender” a localidade, Vila Viçosa.

Todos os espaços públicos utilizam mármore quer na construção quer na decoração, e o mesmo vale para as casas de banho, todas elas diferentes. Feitas as contas, os 44 quartos e suites e todos os restantes espaços utilizam 93% de mármore português, “a maior parte das nossas pedreiras”. Os restantes, nomeadamente os trabalhos de cor: vermelho, amarelo, verde, preto, provêm de países como a Bélgica, França, índia, Turquia e Itália.

Pelo meio – por exemplo no chão – há um verdadeiro trabalho de artista e de artífice. De artista porque os desenhos foram feitos por Manuel Alves e o seu pai, artífice porque, como aponta Susete Alves, não só é um trabalho muito difícil de se fazer, como é muito difícil encontrar as pessoas. É um trabalho que exige muita precisão.

Veio a pandemia e o encerramento decretado pelo governo levou a hotel a decidir levar a cabo algumas remodelações. A mais notória foi a abertura do restaurante Primavera Grill, com uma gastronomia mais tradicional, para fazer contraponto ao Narcissus Fernandesii, que assumia, cada vez mais, uma componente gourmet. O sucesso do Primavera ditou a sua expansão e melhoramento e, cerca de um ano depois, o encerramento do Narcissus Fernandesii.

A par desses movimentos, o hotel colocou máquinas Nespresso em todos os quartos, mobiliário novo nos quartos com varanda, criaram um lounge só para adultos no deck por cima da piscina e remodelou ainda dois quartos, dando-lhes uma decoração mais romântica.

De Vila Viçosa para Sintra

Enquanto isso, o palacete do século XVIII de Sintra demorou mais tempo do que o previsto, tendo aberto apenas há cinco anos. A antiga casa dos avós, inserida numa propriedade de 10 mil metros quadrados, foi toda ela remodela e modernizada e transformou-se num alojamento local com nove quartos, num investimento de cerca de 1,2 milhões de euros.

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