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Sexta-feira, Março 29, 2024

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Alentejo vai ter uma vila sustentável para acolher refugiados (c/som)

Depois de ter vivido quatro meses em Portugal, em 2014, Fayez Karimeh viajou para a Suécia, onde viveu e trabalhou durante um ano e dois meses, até 2016. O refugiado sírio, de 53 anos, engenheiro eletrotécnico, voltou depois a Portugal onde começou a aprender português e a trabalhar numa lavandaria. Foi nessa altura que conheceu José Pereira, dono de uma propriedade em Aljustrel, onde ele, juntamente com outros refugiados e vários voluntários portugueses, juntamente com a comunidade local, pretendem instalar uma Ecovila Sustentável, a “Orquídea Silvestre”, à imagem daquilo que já testemunhou na própria Síria e na Suécia.

Um projeto que será apresentado com ajuda do Alto Comissário para as Migrações, Pedro Calado, e que se pretende integrar com a comunidade local, sendo promovido por três portugueses e três refugiados, que pretendem também repovoar o interior. Entre os promotores deste projeto estão ainda a “Family of Refugees”, juntamente com o “Monte do Morgado” em Aljustrel.

Mas porquê o Baixo Alentejo? Segundo Fayez “porque no Baixo Alentejo, em Aljustrel, o clima é o mesmo que na Síria”, assim como a “ecologia, a terra e o trabalho”, onde “estava a trabalhar no Ministério da Irrigação, na Síria”. Além disso, era uma terra que o próprio já conhecia, dos primeiros quatro meses que viveu cá, em 2014.

Uma das experiências que Fayez pretende trazer para o Alentejo e implementar na Ecovila em Aljustrel, é “reutilizar águas residuais, depois de tratamento, na agricultura”, onde trabalhou durante 12 anos na Síria. O que lhes permitirá aqui “tirar um benefício económico, por causa da qualidade a água” alentejana, associada à agricultura.

Um dos grandes objetivos é transformar esta terra num polo de acolhimento de refugiados e migrantes, “juntamente com portugueses”, para “falar português” pois “para aprender português é preciso comunicar” assim como “aprender a cultura e todas as coisas necessárias para comunicar com as pessoas”, de forma integrada com a comunidade, explicou Fayez.

Par este projeto estar em funcionamento, Fayez Karimeh explica “só precisamos de dinheiro”, para “criar condições”, para se instalarem ali. Os “cerca de 15 mil euros” serão necessários para “fornecer energia, para bombas de água, para luz”, por outro lado “precisamos de contruir as casas”, onde vão utilizar “só barro local”, para as quais precisam de licenciamento também. Verbas para as quais “o nosso plano é de três anos, para criar a Ecoaldeia e trazer mais pessoas para viver lá”, pois “a terra é muito grande, mas no primeiro ano vamos começar apenas com 3 hectares”.

A “Orquídea Silvestre”, pretende dar resposta a duas problemáticas, como o abandono do meu rural no interior Alentejano e a necessidade de integração de imigrantes e refugiados, propondo como solução a criação de comunidades multi-culturais no meio rural, integradas de forma ecológica, cultural, social e económica. A agricultura ecológica, a produção e intercâmbio culturais, o eco-turismo e a investigação serão os alicerces deste projecto, para que exista uma comunidade enraizada numa forma de viver plena e permanente, consciente das suas acções e reacções, e ligada à localidade e à globalidade

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