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Alunos portugueses apostam em foguetão “Blimunda” para voos mais altos no futuro, em Ponte de Sor

mediotejo.net

Com o seu foguetão “Blimunda”, inspirado numa personagem de José Saramago, alunos do Instituto Superior Técnico participam no European Rocketry Challenge (EuRoc), no âmbito do Portugal Air Summit, que decorre até domingo em Ponte de Sor, com o ‘sonho’ de voos mais altos num futuro no setor aeroespacial, conta o portal “Médio Tejo”.

Em concurso estão aqueles que são os primeiros alunos portugueses a participar na competição, uma equipa multidisciplinar do Instituto Superior Técnico (IST) “de engenharia aeroespacial, eletrotécnica, mecânica, de materiais, física”, disse ao nosso jornal Gonçalo Maia, porta-voz da equipa. A escolha da multidisciplinariedade do grupo passou por, desta forma, conseguirem “diferentes abordagens” perante “os problemas que surgem” e assim conseguir “soluções mais inclusivas”, refere.

O foguetão “Blimunda” não é o primeiro concebido pelos alunos do IST. Na verdade já construíram quatro anteriormente mas “esta é a primeira vez a competir com um rocket”, diz Gonçalo.

As quatro experiências anteriores “eram rockets mais pequenos e não alcançavam as altitudes exigidas pela competição, não cumpriam os requisitos exigidos”, justifica Gonçalo.

Considera que o projeto pode servir como ‘rampa de lançamento’ para uma carreira na área, nomeadamente para chegar a trabalhar nas agências aeroespaciais norte-americana (NASA) ou europeia (ESA).

“No futuro, se calhar a mais longo prazo, muitos dos membros da equipa tencionam trabalhar na indústria aeronáutica, na NASA, na ESA” ou em “empresas privadas ou públicas que estejam envolvidas no setor”, pelo que “é bastante interessante” estar presente na competição, argumenta, em declarações à agência Lusa.

O grupo do IST é uma das 19 equipas de estudantes universitários, de 13 países europeus, num total de 400 alunos, envolvidas no European Rocketry Challenge que está a decorre em Ponte de Sor e no Campo Militar de Santa Margarida, no concelho de Constância, desde segunda-feira e até domingo.

Trata-se da 2.ª edição da competição de lançamento de foguetes universitários na Europa, promovida pela Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space, com o objetivo de estimular os alunos de engenharia a projetarem, construírem e lançarem os seus próprios ‘rockets’ a partir do Campo Militar de Santa Margarida.

Antes desse lançamento, as equipas e as suas criações marcam presença na cimeira aeronáutica Portugal Air Summit, que arrancou, esta quarta-feira 13 de outubro, no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor.

Entretidos nos últimos preparativos para fazerem voar a sua ‘máquina’, os alunos do IST explicam o porquê do nome “Blimunda” para o foguetão.

A inspiração vem da personagem com o mesmo nome do livro “Memorial do Convento”, do escritor José Saramago, e a escolha foi feita através de votação no seio da equipa, constituída por um total de cerca de 40 alunos, embora apenas 22 marquem presença no Portugal Air Summit.

“Este nome representa os valores da obra e da personagem” e foi “essa vontade de voar e fazer algo diferente” que levou a equipa a construir este foguetão, revela Gonçalo Maia.

O trabalho desenvolvido na construção do foguetão foi árduo e levou cerca de ano e meio, implicando bastante tempo de estudo por parte da equipa, que teve de “abordar os problemas e os requisitos da competição”.

Agora, o porta-voz diz estar bastante confiante de que, na ‘hora da verdade’, a “Blimunda” vai voar.

“No momento da decisão, ele irá voar certamente”, afiança, sem saber se atingirá o objetivo da categoria em que a equipa está a competir, que são os três quilómetros de altitude: “Se chega tão alto quanto queremos, não sei, mas é para isso que serve o teste final”.

A expectativa passa por “aprender com outras equipas mais experientes, ter um voo de sucesso, fazer a recuperação integral do veículo; ou seja, os dois paraquedas funcionarem corretamente e o veículo chegar ao solo com uma velocidade reduzida”, explica ao mediotejo.net.

A categoria é três quilómetros de propulsão sólida, sendo o objetivo “conseguir que o foguetão se aproxime o mais possível, não é ultrapassar”, sublinha Gonçalo vincando que “3200 metros será pior que 2900”.

Até ao momento a equipa realizou “testes individuais aos sistemas e testes integrados para garantir que no dia (sábado, 16 de outubro) tudo funciona corretamente”, acrescenta o aluno de engenharia eletrotécnica.

Por serem os primeiros alunos portugueses no EuRoc sentem-se “orgulhosos” por participar mas “no futuro gastavam que mais equipas portuguesas se juntassem”, diz.

Segundo Gonçalo a equipa manifesta-se “bastante entusiasmada por ver o lançamento do rocket e o lançamento das outras equipas”.

Os alunos portugueses tiveram conhecimento da competição através do Portugal Space 2020. “Este ano já tivemos condições para participar e decidimos candidatar-nos”. Essas condições prendiam-se com a capacidade logística, financeira e o conhecimento.

O EuRoc faz parte da estratégia da Agência Espacial Portuguesa e visa despertar os jovens para as áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, fortalecendo competências na área do Espaço por meio da pesquisa, educação e cultura científica.

Texto e foto – https://www.mediotejo.net/

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