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Sexta-feira, Abril 19, 2024

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“Antes fazíamos samarras e ceifões, agora estamos dedicados às pantufas e chinelos em pele”, diz João Magarreiro (c/som)

O Alentejo rege-se pelas mais antigas tradições e possui variadas antiguidades que determinadas famílias fazem questão de preservar e passar às próximas gerações. Em Elvas, mais especificamente Terrugem, a região é conhecida pela preparação e confeção de produtos de pele com pelo e lá é possível encontrar-se a empresa ‘JM- Joaquim Luís Fitas Magarreiro’. Com mais de três gerações, esta empresa foi criada em 1900, onde atualmente quem gere o negócio são os três filhos de Joaquim Magarreiro.

A Rádio Campanário foi até ao local conhecer o estabelecimento onde falou com João Magarreiro, um dos filhos do proprietário. Ao entrar nesta casa de produção de peles de ovelha, João Magarreiro começou por apresentar os produtos que criam, que apesar de muitos acharem que são naturais da Serra da Estrela, é precisamente aqui que são fabricadas: as famosas pantufas de pele de ovelha. Se outrora fabricavam também samarras, ceifões e carpetes, hoje dedicam-se apenas às pantufas e chinelos em pele.

Natural de Terrugem, João Magarreiro conta quando começou a seguir as pegadas do pai “desde que deixei a escola, vai para 30 anos e qualquer coisa”. Agora, aos 55 anos, João recorda-se como nasceu o gosto por estes artigos “era uma coisa que havia em mudança no Alentejo, as peles e a tradição de na altura fazer-se outras coisas como samarras e ceifões. A atividade iniciou por aí, mas hoje em dia já não fazemos. Estamos dedicados às pantufas e chinelos em pele”.

O atual proprietário, juntamente com os dois irmãos, refere que a função nesta fábrica passa por “um pouco de tudo. Além de cortar as peças faço um pouco de tudo. Nas máquinas se fizer falta”.

Com cerca de 12 pessoas a trabalharem diariamente nesta produção, João explica como chegam as peles às suas mãos “fazemos o curtume da pele. Chega-nos em bruto, ou seja, só salgada. A partir daí, iniciamos o processo todo”. “Os armazenistas vão aos matadouros buscar as peles, depois é feita a salga e nós compramos”, acrescenta.

Este produto que já chegou a Portugal inteiro, é também vendido “na Holanda e Inglaterra”, porém, os “melhores clientes são na zona da Serra da Estrela”, expõe o recente dono, adiantando que as vendas têm um maior peso “de setembro e até finais de fevereiro. É uma atividade sazonal e no verão e primavera é para fazermos stock”.

Com a pandemia, foram vários os negócios que sentiram o peso das poucas ou nenhumas vendas. Esta empresa não foi exceção “tivemos alguns meses em layoff e outros só a trabalhar da parte da manhã” relata João, assumindo que chegou mesmo a fechar.

Todavia, o mercado encontra-se atualmente bastante movimentado, e de acordo o proprietário “estamos só a fazer encomendas que temos atrasadas, não conseguimos ter stock neste momento”, confessando que “este ano esperávamos que não fosse tão bom, mas estávamos redondamente enganados. Não estávamos nada à espera que fosse tao bom”.

Relativamente ao tempo que cada par de pantufas demora a ser produzido, João diz que “levam muitas voltas, as pessoas nem imaginam”, desvendando os processos “a pele é curtida, depois tem de ser trabalhada, cortar a lã, pentear, ser lixada. A seguir vem novamente para a parte da confeição, onde se faz o corte da pantufa. Posteriormente vem a parte da costura, colagem e ainda se tem de fazer os acabamentos”.

 

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