As “Meias luas em metal amarelo”, para os aprestos de cavalgaduras ainda se fazem em Arronches, nos nossos dias.
O artesão Belmiro Gonçalves que sabiamente continua a executar peças como estas meias luas e outros aprestos de cavalgaduras usados em dias festa, é um dos poucos que restam.
No concelho raiano há artesãos que preservam a arte de executar os antigos aprestos de cavalgaduras, como fivelas ou meias luas de metal amarelo e outros ornatos diversos, usados pendentes da testeira ou ligados da testeira à focinheira dos animais, que decoravam os (burnis), constam de dois chumaços grandes, de palha de centeio, revestidos de couro azeitado e de carneiras. A volta que tomam dá-lhes a configuração elíptica. Servem, colocando-se sobre o cachaço dos animais, um em cada, a fim de neles firmar a canga.
Outrora muito conhecidos em Arronches pela qualidade do seu trabalho, os correeiros e albardeiros, expunham à venda os respetivos artefactos nas suas oficinas localizadas na vila, assim como eram ainda presença assídua em feiras de gado de Portalegre, Fronteira, Borba, Vila Viçosa e outras da região.
Nestas feiras de gado, lavradores e homens do campo adquiriam arreios e outros preparos para os seus gados. Muitos faziam até provisão de reserva, para o gasto de seis meses a um ano.
As parelhas que trabalham ao churrião, carro ou carroça em dias de festa eram para esse efeito engalanadas com vistosos aprestos. De entre os mesmos destacam-se as guisadas e as cabrestadas ou cabeçadas, com meias luas de metal amarelo, franjas e borlões de tecidos em cor carmezim, e outras muito vivas, que encobrem a maior parte da cabeça dos animais em dias de romaria.
Desses tempos de um concelho rural que tinha na agricultura a sua principal fonte de rendimento, resta a memória e o contributo de artesãos como o Sr. Belmiro Gonçalves que sabiamente continua a executar peças como estas meias luas e outros aprestos de cavalgaduras usados em dias festa.
Fotos e informação – Emílio Moitas
