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Sexta-feira, Abril 19, 2024

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Entrevista a Bruno Martins cabeça de lista do BE pelo distrito de Évora que defende “um distrito para novos e para velhos” (c/som)

Catarina Martins, secretária geral do Bloco de Esquerda (BE) anunciou Bruno Martins como cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Évora para as próximas legislativas.

Bruno Martins, concedeu em exclusivo uma extensa entrevista aos microfones da Rádio Campanário, onde aborda o seu estado de espírito com a candidatura, bem como alguns dos pontos fulcrais com que o BE se vai debater durante a campanha eleitoral, bem como algumas das propostas que irá tentar implementar caso venha a ser eleito.

Bruno Martins começa por explicar aos nossos microfones que a sua candidatura passa por “uma permanente preocupação em provocar uma mudança na nossa sociedade, que julgo ser necessária”.

O candidato refere que “espero contribuir para que o nosso distrito possa estar no centro da política nacional”, acrescentando que “infelizmente o interior tem estado afastado da política central do país”.

“Estou muito honrado, mas sou apenas mais um elemento de uma equipa forte e preparada”
Bruno Martins

No que concerne ás soluções e prioridades do BE, Bruno Martins explica que “o programa vai ter essencialmente três grandes prioridades”. Em primeiro lugar o BE “procura uma resposta ás emergências climáticas”, o segundo ponto é “uma economia para toda a gente” e por fim “queremos promover um distrito para os mais novos e para os mais velhos”.

Bruno Martins considera que “dentro daquilo que é o ambiente, taxar o gasóleo sem transportes públicos eficazes só serviu para aumentar as clivagens sociais, apelar para a reciclagem não travou o aumento do plástico, o aumento das emissões de carbono acentuou um problema que ameaça ser irreversível”.

Posto isto o programa do bloquista “será focado naquilo que é a mobilidade, permitindo-nos responder ás emergências climáticas”, ou seja, “os transportes coletivos serão uma prioridade”, acrescentando que no distrito de Évora “temos pessoas que não se conseguem deslocar, pois não existem transportes”.

A Campanário questionou Bruno Martins sobre como pensa melhorar o sistema, uma vez que a Rodoviária é uma empresa privada. Para o candidato “é necessária uma resposta pública, a resposta ás populações não pode estar nas mãos de privados”, exemplificando que “ao nível da saúde e da educação já sabemos que a resposta dos privados não serve os interesses do povo”.

“Tem de existir um plano de investimento ao nível da ferrovia”
Bruno Martins

O investimento necessário na mobilidade, para o bloquista “será plurianual e feito ao longo dos anos”. O candidato considera que o plano de redução dos tarifários “foi importante”, no entanto, “as reduções que existiram nos grandes centros têm de se verificar no interior”.

“Reduzir o custo do transporte não chega, até porque se não existir transporte as pessoas não o usam”
Bruno Martins

As questões da ferrovia também foram abordadas, e para Bruno Martins “é um investimento importante, mas não se compreende que o transporte de passageiros possa ficar de fora”. O candidato considera que “desde início dever ser contemplado o transporte de passageiros e duas plataformas logísticas, uma para servir a zona este e outra a zona oeste do distrito”.

 “Uma plataforma logística na zona dos mármores é crucial para o nosso distrito”
Bruno Martins

Na opinião de Bruno Martins as plataformas logísticas “têm de ser asseguradas pelas infraestruturas de Portugal, uma vez que os privados não servem os interesses das populações”.

As questões ambientais também constam do plano do BE, “temos tido sempre uma vertente muito ecológica”. Bruno Martins considera que “temos de transformar a floresta e a agricultura”. Em termos da floresta “é crucial um plano de controlo público e gestão das propriedades abandonadas, uma defesa intransigente do montado”, lembrando que foi o BE que “alertou para os crimes ecológicos que queriam desenvolver na serra do Monfurado com a prospeção de ouro”.

A RC informou Bruno Martins que Capoulas Santos também é contra essa prospeção, o que deixa o candidato do BE “muito satisfeito”, mas relembrando que “o governo poderia ter rejeitado desde logo essas propostas”.

As culturas intensivas “são um atentado ambiental para a região”, considerando o candidato que “o olival e o amendoal estão a ocupar áreas excessivas”. Bruno Martins considera que “é preciso parar de vez com este tipo de agricultura que vai destruir os nossos melhores solos”.

“Gostava de ouvir por parte do governo que este tipo de cultura intensiva vai parar”
Bruno Martins

A Campanário questionou Bruno Martins sobre o que quer dizer com um distrito para novos e para velhos, ao que o candidato explica “queremos apostar na coesão social, precisamos de melhorias nos serviços públicos ao nível dos territórios de baixa densidade, acompanhado de incentivos para a fixação de trabalhadores do estado neste território”.

O candidato considera que “precisamos de reabrir os serviços públicos que foram dizimados na altura do governo PSD/CDS”, como exemplos Bruno Martins refere “alargar a oferta da educação pré escolar, precisamos de introduzir as creches no sistema educativo, garantindo a sua gratuidade, não faz sentido que as creches continuem a ser uma resposta da segurança social e não da educação”.

A aposta nos jovens e nos jovens adultos “precisa de uma universidade que tenha uma oferta aliada aquilo que é o mercado de trabalho e que permita que os estudantes queiram vir para Évora”.

Bruno Martins refere ainda que “não faz sentido que a Universidade de Évora não tenha uma rede de residências universitárias que deu resposta a grande parte dos seus estudantes”. O candidato justifica que “existem casos de estudantes na UÉ, que por não terem resposta ao nível do alojamento voltam para as suas terras”.

“Podemos ter um investimento ao nível das residências, que permita aos estudantes pagar as suas rendas a custos controlados”
Bruno Martins

A RC questionou o candidato se é necessário abrir postos encerrados em zonas despovoadas, o que para Bruno Martins “é a lógica do abandono, ou seja, a pouca procura justifica o fecho de serviços públicos”.

O BE “para cada área de investimento tem os custos do estado e quanto será possível arrecadar em receita”.

Bruno Martins considera que “a falta de médicos é um problema nacional”, acrescentando que “o investimento do Hospital Central do Alentejo é fundamental”. O novo Hospital Central do Alentejo “pode ser um passo importante para combater a falta de médicos”.  Para Bruno Martins “não podemos continuar a adiar a questão da exclusividade dos médicos, temos de ter mais médicos a 100% no SNS”.

“O BE propõe que exista um serviço de exclusividade para os médicos do SNS”
Bruno Martins

O setor do turismo que tanto tem crescido na região “traz grandes desafios” importantes para o Alentejo “atraindo turistas como nos últimos tempos”.

Para Bruno Martins refere que “o turismo tem tido um crescimento sustentado dentro daquilo que é o turismo, mas devemos estar atentos pois a pressão turística também traz aspetos negativos”.

O candidato considera que “as autarquias devem desenvolver mecanismos de melhor receção ao turista, no caso de Évora é impensável ver autocarros e autocarros parados no meio do rossio e os turistas não serem recebidos da melhor forma”. Como soluções concretas, Bruno Martins aponta “um parque para os autocarros, precisamos que os turistas sintam que devem ficar, precisamos que os turistas pernoitem e procurem os locais do distrito”.

Alqueva também consta das preocupações bloquista “não faz sentido é que a maior parte da água esteja a ser direcionada para produções intensivas com impacto ambiental grande, cuja produção não é sequer trabalhada dentro do nosso país”.

“Precisamos que a água seja direcionada para uma agricultura extensiva, uma agricultura que esteja assente naquilo que são as nossas mais valias”
Bruno Martins

As problemáticas das questões demográficas, para Bruno Martins, “é importante que exista um investimento público centrado no interior, pois é essencial para fixar as populações”.

Aproveitando o tempo de antena concedido pela RC, Bruno Martins apela para que “espero que todas as candidaturas do distrito defendam o distrito, que todos aqueles que já têm lugar na assembleia prestem contas daquilo que fizeram para o distrito. Desejo um debate elevado e com propostas concretas”

“A última legislatura mostrou que o BE é um partido de soluções”
Bruno Martins

Bruno Martins, tem 36 anos e é licenciado em Psicologia Clínica pela Universidade de Évora.

É membro do Bloco de Esquerda, partido do qual é dirigente distrital, sendo eleito na Assembleia Municipal de Évora, e acumulando as funções de 2.º Secretário da Mesa.

Faz parte do grupo de trabalho do Bloco de Esquerda pelos Direitos dos Animais e integra o Movimento de Cidadãos contra a Exploração Mineira na Serra do Monfurado.

É, atualmente, Diretor Técnico da Associação de Paralisia Cerebral de Évora, tendo experiência na área da intervenção clínica com jovens com deficiência e suas famílias. Colaborou na Universidade de Évora como Assistente Convidado do Departamento de Psicologia e como Psicólogo no Gabinete de Apoio ao Estudante e no Centro de Intervenção Psicológica.

Enquanto estudante foi Presidente do Núcleo de Estudantes de Psicologia da Universidade de Évora e Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia.

Colabora, regularmente, com vários órgãos da comunicação social local e regional em programas de debate político e artigos de opinião.

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