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Quinta-feira, Abril 25, 2024

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“Cada vez é maior a sangria sobre o tecido rural e sobre as pessoas que aqui trabalham”, afirma Bulhão Martins (c/som)

Fazendo o balanço do impacto das condições meteorológicas na atividade agrícola até ao momento, o presidente da CERSUL – Agrupamento de Produtos Cereais do Sul, Luís Bulhão Martins, diz que “o ano agrícola de 2018, apesar de ter decorrido até fevereiro de uma forma extremamente negativa e desfavorável, está a chegar ao seu final de uma forma mais equilibrada”. Isto graças à “precipitação que ocorreu, após 28 de fevereiro”, que veio retirar “o espectro de situação de seca grave em que vivia todo o território continental e particularmente o Alentejo”. Porém, admite que “essas feridas ficam, apesar de a chuva ter vindo a resolver parte do problema”.

Luís Bulhão Martins explica que é necessário analisar a questão da precipitação no Alentejo “no quadro das alterações climáticas” e “enquadrar esta situação”, pois “as secas e os fenómenos meteorológicos são recorrentes e há que tomar medidas de adaptação e de acautelamento das consequências muito negativas que podem acarretar para as atividades económicas”, em específico “a agricultura em primeiro lugar”.

Além disso, estando numa zona de clima mediterrânico, é preciso analisar “a questão da água” que é “por natureza irregular”, com duas estações “a húmida e a seca” daca vez “mais variáveis”. No seu entender, “a melhor maneira de nos infraestruturarmos é guardar água dos períodos húmidos para os períodos secos”, através de “infraestruturas de regularização” que sirvam para mais do que um ano, enquadra o presidente da CERSUL.

Nesse sentido, o “Alqueva é de facto um bom exemplo, pela sua dimensão, pela sua capacidade de regularização, pelo impacto económico que tem”, contudo, “há muito outro Alentejo onde há muito que não é feito investimento público e que está muito carente desse tipo de atuações” para sustentar as diversas atividades económicas que dependem dos recursos hídricos.

Até porque, atrás deste fenómeno de desertificação vem também o despovoamento, “com efeitos também pouco positivos na economia, no bem-estar social das zonas interiores”, lamenta Bulhão Martins.

Mas mesmo com este equilíbrio conseguido a partir de fevereiro, “foi precisos aos agricultores resistirem durante um ano e meio”, contra “adversidades em que os custos de produção foram muito acrescidos”. Um tempo durante o qual as ajudas do governo e da União Europeia foram “muito reduzidas” e “ninguém olhou para nós neste cenário gravíssimo”. Mesmo as medidas existentes, foram “muito pouco convidativas, difíceis de aceder, durante muito pouco tempo disponíveis para as pessoas concorrerem e que tiveram reduzissem adesão”.

O presidente da CERSUL remata que “cada vez é maior a sangria sobre o tecido rural e sobre as pessoas que aqui trabalham”, pois “as condições são mais difíceis”.

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