Vinte anos depois de ter passado pelo Alentejo, o reputado chefe Ljubomir Satanisic confessa que a cozinha alentejana foi a que o mais marcou desde a sua chegada a Portugal.
À revista semanal Sábado, Ljubomir conta que veio para Estremoz há duas décadas para “assentar tijolos num palácio”, propriedade de um homem que acabara de o despedir de um restaurante em Lisboa por ter espetado uma faca na mão de um cozinheiro que não sabia grelhar uma picanha.
Embora não tenha estado muito tempo em Estremoz, a ligação ao Alentejo ficou para sempre. “Foi a região que mais me marcou a nível alimentar. Sem falar com ninguém, sem ler, tu percebes que passaram muita fome durante anos e anos e a comida reflecte muito o que o Alentejo viveu”, disse o chefe Ljubomir.
Quando estava nas obras em Estremoz, Ljubomir “comia nos cafés, e comia ‘muita’ bem, por poucos escudos. Eram refeições memoráveis, que me lembravam muito a minha terra, a Bósnia, a guerra, a dificuldade”.
À mesa o chefe encontrou “algumas semelhanças” com a sua cultura, marcada pela pobreza mas com uma alimentação “muito rica de um povo que não tinha nada para comer”.
Também do outro lado da fronteira o chefe Ljubomir encontrou uma “cozinha de pobreza, mas mais refinada”. Conta que quando trabalhou em Espanha apanhou “carcaças dentro de sacos de plástico, umas cenas rijas ‘muita’ foleiras. Em Portugal, não, levava um pãozorro em cima da mesa, uma coisa genial”.
Ljubomir Stanisic andou durante dois dias pelo Alentejo, numa reportagem da revista semanal, onde conta que foi numa praia alentejana que se apaixonou pela mulher, foi com um vinho alentejano que chorou a falência e foi com a comida alentejana que começou a gostar de nós. O Chefe passou pela Quinta Anema em Lavre, pela Salsicharia Canense no Cano, a Adega Mayor em Campomaior, a adega FitaPreta em Évora, a empresa Vale do Gaio em Torrão,
