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COVID-19: Cancelamento do Festival de Teatro do Alentejo poderá gerar prejuízo de 55 mil euros

Foto: Facebook FITA

O cancelamento do Festival Internacional de Teatro do Alentejo (FITA), que deveria ter acontecido entre 12 e 21 de março, poderá gerar um prejuízo de 55 mil euros à Companhia de Teatro Lendias d’Encantar, de Beja, avança a Lusa.

A pandemia COVID-19 “provocou várias consequências negativas na atividade da companhia e a primeira e que mais impacto negativo terá foi o cancelamento do FITA” deste ano, disse hoje à Lusa António Revez, diretor e ator da Lendias d’Encantar, a promotora do festival.

Segundo o responsável, o cancelamento do FITA, que contava com espetáculos de 19 companhias de 11 países em Lisboa e 13 concelhos do Alentejo, “poderá acarretar um grande prejuízo financeiro à companhia e estimado em cerca de 55 mil euros”.

A companhia “ainda não apurou o valor exato do prejuízo, mas poderá rondar 55 mil euros”, tendo em conta receitas esperadas e não obtidas com espetáculos, apoios financeiros de parceiros que “poderão não ser pagos” e despesas previstas e adicionais com viagens áreas e alojamento de “cerca de 40” artistas estrangeiros que se deslocaram ao Alentejo para participar no FITA e onde chegaram antes do cancelamento.

“Era impossível prever o que acabou por acontecer, fomos apanhados no olho do furação e cancelámos o FITA no próprio dia em que devia ter começado”, explicou António Revez.

Por isso, a companhia “não conseguiu cancelar ou evitar” e acabou por ter despesas com várias ações ligadas à realização do FITA, como produção de materiais promocionais, viagens e alojamento dos artistas estrangeiros.

Além do cancelamento do FITA, a Lendias d’Encantar adiou o início, previsto para o passado dia 23 de março, dos ensaios da sua nova peça “Quarteto de Alba”, escrita e encenada pelo espanhol Carlos Gil e que deveria estrear no dia 6 de maio.

Para além destes, cancelou a segunda parte de uma residência artística prevista para este mês em Beja, sete apresentações da peça “Vidas Clandestinas” agendadas para abril e maio e uma viagem ao Equador e à Bolívia previstas para este mês para apresentação do espetáculo “Vueltas” em dois festivais de teatro nos dois países.

Segundo o diretor, “por enquanto” e através do orçamento para este ano, a Lendias d’Encantar, que é apoiada pela Direção-Geral das Artes, “tem condições para continuar a pagar os salários” aos seis trabalhadores diretos.

No entanto, a companhia “quer ir mais além e tentar pagar já este mês pelo menos 50% dos ‘cachets’ aos artistas independentes contratados para a produção da peça ‘Quarteto de Alba'”, que está suspensa, e “a totalidade” dos ‘cachets’ aos atores da peça “Vidas Clandestinas” relativos às sete apresentações canceladas.

“Houve uma série de consequências negativas para a Lendias d’Encantar e todos os agentes culturais e criadores, já que a cultura foi talvez a primeira área a ter a atividade suspensa e muito provavelmente será das últimas a retomar uma atividade normal”, frisou.

A situação provocada pela pandemia “não está a ser fácil, principalmente para os criadores independentes não vinculados a uma companhia apoiada e que são os que estão em piores condições e a passar um mau bocado”, alertou.

Por isso, a Lendias d’Encantar criou uma bolsa de 15 mil euros para comprar espetáculos e “atenuar danos” causados pela pandemia a artistas independentes e companhias sem apoios do Alentejo.

A companhia também desafiou as suas duas atrizes e os artistas estrangeiros que estiveram no Alentejo e deveriam participar no FITA a escreverem textos sobre as suas vivências relacionadas com a pandemia e os dias em que estiveram na região e que servirão para produzir um espetáculo e serão publicados na revista “Escenarios” editada em português e espanhol pela Lendias d’Encantar.

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