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É alentejano o primeiro doente em Portugal a receber um fígado de dador de coração parado

Com 67 anos de idade e residente em Rosário (Almodôvar), Joaquim Guerreiro é o primeiro doente em Portugal a receber um transplante de fígado de dador de coração parado.

A operação decorreu em julho, e o doente já está de regresso a casa e a recuperar bem, depois da operação no Hospital Curry Cabral – Lisboa.

Segundo reportagem do DN, Joaquim Guerreiro recebera há anos o diagnóstico de um nódulo no fígado, aguardando desde então por um transplante.

O órgão foi transplantado de um jovem de 30 anos, que sofrera uma paragem cardiorrespiratória, não tendo sido possível salvá-lo, apesar da equipa médica ter tentado todas as manobras de reanimação. O corpo foi então ligado à máquina ECMO – Extra Corporeal Membrane Oxygenation que consegue recuperar corações que deixaram de bater ou que, quando nada há fazer, permite manter os órgãos, como fígado, pulmões e rins em boas condições, para serem transplantados e salvar outras vidas, explica à fonte o médico intensivista Philip Fortuna, da UUM do Hospital de São José e coordenador do programa ECMO.

O Hospital Curry Cabral, onde está sediado o Centro de Referência de Transplantes do Centro Hospitalar de Lisboa Central, foi informado do possível dador e uma equipa de cirurgiões dirigiu-se a São José para participar na cirurgia de colheita de órgãos. Foram retirados o fígado e os pulmões, que foram transplantados em doentes que “estão a evoluir muito bem”.

Joaquim Guerreiro surge como o primeiro doente a receber um transplante de fígado neste procedimento.

O Hospital Santo António, no Porto, já tinha feito três ou quatro colheitas de órgãos para tentar o transplante e não o fez porque não foi possível aproveitar os órgãos.

Este método de transplante exige uma grande logística, envolvendo equipas extra-hospitalares e intra-hospitalares, desde a reanimação à colheita dos órgãos e até à colocação no recetor. O processo requer todos os cuidados, uma vez que o dador de coração parado é um pouco mais instável que o dador cadáver, estando mais sujeito a poder colapsar.

O programa ECMO, começou como um projeto-piloto no Norte, em 2016, permitindo ao Hospital São João fazer transplantes de rins, com dadores de coração parado. Em 2017, o programa chegou a Lisboa e aos hospitais São José e Santa Maria.

Na unidade de transplantes hepáticos no Hospital Curry Cabral onde decorreu este caso, são feitos anualmente 130 transplantes de fígado, a maioria de dador em morte cerebral, mas a medicina evolui e também já fazem há algum tempo transplantes de dadores vivos e agora começa a era dos dadores de coração parado.

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