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Quinta-feira, Março 28, 2024

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“É um mito que os olivais superintensivos produzam azeite de menor qualidade”, diz presidente da CEPAAL (c/som)

Portugal é atualmente o oitavo maior produtor nacional de azeite em todo o mundo, esperando-se uma produção record para este ano, com o azeite alentejano em destaque. Neste sentido, a Rádio Campanário entrevistou Gonçalo Tristão, presidente do CEPAAL – Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo, que confirmou que “tudo indica que vai ser de facto um ano record”, pois “há quem fale em quase em 200 mil toneladas, portanto vai ser um ano record em termos de produção”.

E “isso deve-se obviamente ao facto de nos últimos anos o olival ter crescido, sobretudo no Alentejo, onde tem havido mais investimentos, muito à volta do Alqueva, em consequência do alargamento da área de regadio”, pelo que “os novos olivais vêm com água e são instalados em zona de regadio e isso tem desenvolvido muito a cultura”.

Para Gonçalo Tristão “isso é um belíssimo fator” e “significa que Portugal é cada vez mais um player mundial no sector do azeite”. Portanto, espeque “que isso leve também a trazer-nos ainda maiores mais-valias ao azeite português e ao alentejano”.

Ainda sobre o crescimento do olival, tanto intensivo quanto tradicional, o presidente da CEPAAL explica que “o olival tem sempre aquilo que nós chamamos a safra e contrassafra, portanto, há sempre anos melhores que outros”. Pelo que “este ano é um ano muito bom em todo o tipo de olival, quer seja dos olivais em série, modernos, quer seja nos olivais tradicionais, daquelas árvores mais velhas, daquela variedade alentejana, a galega”. Sublinhando que “em todo o olival há de facto muita azeitona”.

Contudo, salienta que “também não é só coisas boas”, pois “este ano está-se a agudizar um problema que não é só típico da olivicultura ou característico da agricultura”, mas que “começa a ser um problema nacional e quiçá europeu, que é a falta de mão de obra”. O que “é um problema cada vez mais grave”. E isso, explica, “é também um dos fatores que leva a que os novos olivais que estão a ser instalados são os tais olivais superintensivos”, uma vez que “precisam de poucas pessoas, são as máquinas que fazem”.

Assim, “uma pessoa que queria investir num olival novo não vai fazer um olival dos antigos, tradicional porque não há gente para trabalhar e isso é um problema que se tem vindo a agravar, ano a pós ano”, aponta Gonçalo Tristão.

Todavia, apesar do futuro apontar para esse caminho, o presidente da CEPAAL refere que “os olivais tradicionais, a meu ver, fazem tanta falta como os olivais superintensivos”, sendo que esses “dois mundos do olival em Portugal, têm que subsistir lado a lado”. Pois, segundo este, as novas produções modernas também “têm trazido muita modernidade e muita sustentabilidade ao próprio olival”.

Por outro lado, questionado sobre as diferenças encontradas no produto final, afirma que “enquanto provador ou simples consumidor, eu acho que não há diferença nenhuma”. Explicando que “os azeites obviamente que se distinguem pelas variedades, pelos locais de onde vêm, mas em geral um azeite proveniente de um olival superintensivo ou de um olival tradicional, não tem distinção”. Pelo que, na sua opinião “isso também é um mito, dizer-se que os olivais superintensivos produzem um azeite de menor qualidade, não é verdade”.

 

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