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Sexta-feira, Abril 19, 2024

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Espetáculo de teatro revisita memórias de localidades de Santiago do Cacém

A companhia Teatro do Vestido estreia, na sexta-feira, em São Domingos, no concelho de Santiago do Cacém, “Viagem a Portugal – Paragem Alentejo”, espetáculo que revisita as memórias locais através de um percurso por cinco localidades.

Em declarações à agência Lusa, Joana Craveiro, responsável pela direção, texto, e coordenação da investigação que deu origem à produção, revelou tratar-se de “um espetáculo-viagem, em percurso”.

Neste são revisitadas “algumas memórias de uma série de localidades no concelho de Santiago do Cacém”.

No espetáculo, acrescentou, reflete-se “sobre as vivências das pessoas” e “sobre as suas histórias de vida e memórias políticas, de uma forma poética e a partir de uma pesquisa etnográfica no terreno”.

“Viagem a Portugal – Paragem Alentejo” é apresentado na sexta-feira e no sábado, sempre às 19:00 horas, com partida em São Domingos e passagens por Abela, Vale de Água, Ermidas-Sado e Alvalade, onde termina, tudo localidades no concelho de Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal.

A produção abre a temporada deste ano da iniciativa “Lavrar o Mira e a Lagoa – As Artes Além Tejo”, promovida pela cooperativa cultural Lavrar o Mar, com sede em Aljezur, no distrito de Faro, nos municípios de Santiago do Cacém e de Odemira, também no distrito de Beja.

Segundo Joana Craveiro, o espetáculo tem vindo a ser concebido ao longo das últimas três semanas, com visitas aos lugares e falando com as pessoas que lá vivem.

“Descobri muitas histórias que não conhecia e outras que já tinha ouvido falar e que precisava de aprofundar”, referiu.

Entre estas, surge a memória da reforma agrária, que “está inscrita nas paredes” e na “toponímia das terras do Alentejo”.

“São memórias conflituantes, que não são consensuais, e nós trazemo-las para cima da mesa e mostramos as tensões que existem nas aldeias em torno dessas memórias”, disse.

A encenadora frisou ainda que “as pessoas descrevem o fim da reforma agrária como o ‘dia do acabamento ou da acabação’”.

“E a nós interessa-nos desenterrar estas memórias e trazê-las ao lume, olhar com esse olhar da pós-memória, questionar e saber o que aconteceu realmente”, pois “ninguém é dono da memória” e “há muitas memórias e muitas verdades”.

Tudo isto faz de “Viagem a Portugal – Paragem Alentejo”, segundo a autora, um espetáculo de “teatro poético, de raiz etnográfica, com histórias de vida e história oral, que tenta trazer a lume várias verdades e várias possibilidades”.

“Não queremos nem aspiramos a estabelecer essa verdade una. O meu interesse é escrever de uma forma poética sobre tudo isto e levar o espetador numa viagem imersiva por toda esta poesia, que acredito que existe até na contradição”, sublinhou.

Depois de Santiago do Cacém, o Teatro do Vestido irá apresentar o espetáculo no concelho de Odemira, nos dias 12 e 13 de março, mas este será “completamente diferente”.

“Já temos um percurso minimamente delineado, mas só o trabalho no terreno” é que irá definir o mesmo, ainda que o “ponto de partida” seja idêntico, ou seja, “a ideia de percurso”, concluiu Joana Craveiro.

C/Lusa

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