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Festival Periferias em Marvão: décima edição com sessões noturnas ao ar livre e programação com cinema e música 

Foto: SPAIN arts & culture

A X edição do Festival Internacional de Cinema Periferias, que se realiza de 12 a 20 de Agosto, volta a marcar encontro com as populações da raia na região de Marvão – Valência de Alcântara (Espanha), levando propostas de cinema e música a cerca de uma dezena de lugares dos dois lados da fronteira. A abertura do Festival acontece, como habitual, no castelo de Marvão, na noite de 12 de Agosto, com a apresentação da obra “A Cordilheira dos Sonhos”, do realizador chileno Patrício Guzmán, completando assim a exibição por parte do Festival de uma trilogia do autor, da qual fazem ainda parte “Botão de Nácar” e ”Nostalgia da Luz”. 

Com uma programação composta predominantemente por cinema de autor e documentário, o Festival volta a apostar na itinerância por alguns dos lugares mais emblemáticos da região e na organização de sessões nocturnas ao ar livre. 

Esta é uma forma de dar a ver o território e disponibilizar uma oferta cinematográfica de qualidade em lugares onde não existem salas apropriadas para o efeito.

Ao longo dos últimos dez anos, o Festival vem promovendo temas ligados ao mundo rural e dedicando um espaço alargado a questões de atualidade na esfera dos direitos humanos, meio ambiente, arte e cultura. 

 

Na primeira noite, a música é trazida pelos Sabugueiros, que misturam vivências e influências musicais das suas terras de origem (Argentina, Itália, Portugal).

A par das sessões nocturnas, o programa do fim de semana engloba, igualmente, exibições em sala. Assim, no sábado 13, pela tarde, tem lugar uma visita ao Museu das Tapeçarias de Portalegre, seguindo-se a exibição no auditório do museu do filme “Vieirarpad”, de João Mário Grilo. A obra retrata a história do casal de pintores Vieira da Silva e Arpad Szenes e a sua programação para este local foi pensada com base na forte ligação existente entre aquela artista portuguesa e as Tapeçarias de Portalegre, para as quais realizou um número considerável de trabalhos, vários dos quais podem ser vistos no local, num espaço que lhe está dedicado.

 

Ainda no sábado, pelas 21h30, na antiga estação de comboios da Beirã, uma nova sessão ao ar livre junta cinema e música com sotaque brasileiro. A apresentação do filme “Paraíso”, de Sérgio Tréfaut, um dos realizadores com presença recorrente no Periferias, é seguida do concerto com a cantora, compositora e violinista brasileira Camila Costa.

No Domingo, dia 14, a agenda é composta por duas sessões a não perder. Às 17h00, no cine-teatro de Castelo de Vide, exibe-se o documentário “Um Corpo que Dança”, de Marco Martins, que traça o percurso do Ballet Gulbenkian (1965-2005), considerada uma das maiores companhias de dança portuguesa do século XX. Pelas 21h30 (22h30 em Espanha), tendo como palco a vila espanhola de Valência de Alcântara, pode ser visto um dos filmes do ano “Alcarràs”, de Carla Simon, distinguido com o “Urso de Ouro”, no Festival de Berlim deste ano. 

Segunda feira, no feriado de 15 de Agosto, a agenda volta a ser bastante preenchida, com programação paralela a decorrer em Portugal e Espanha. Novamente no cine-teatro de Castelo de Vide, um dos temas dominantes da atualidade, o conflito na Ucrânia, estará em foco, com a programação do filme “Donbass”, de Sergei Loznitsa, que mostra o lado mais absurdo e trágico da guerra ou, nas palavras do realizador, como “uma comédia absurda se transforma numa tragédia absurda”. Da Ucrânia chega Kateryna Avdysh, jovem vocalista de jazz e compositora que apresentará, ainda em Castelo de Vide, pelas 21h30, no baluarte da memória, algumas das suas composições, que incorporam elementos da música tradicional do seu país. Ambas as atividades revertem a favor da organização Médicos Sem Fronteiras.

Na mesma noite, mas do lado de lá da fronteira, em Mata de Alcântara, exibe-se o filme “Cien días con la Tata”, de Miguel Ángel Muñoz, que documenta os mais de 100 dias em que viveu ao lado da sua tia-bisavó de 95 anos, no decurso da pandemia da Covid-19, transformando-a numa celebridade do Instagram.

Nos dias que se seguem, cinema e música hão-de cruzar-se por diversas vezes, como acontece no filme “Não Apaguem os Nossos Rastos! Dominique Grange, Uma Cantora de Protesto”, retrato de uma intérprete ligada ao movimento do Maio de 68, assinado pelo realizador português Pedro Fidalgo, que será exibido terça-feira, dia 16, no Centro Cultural de Marvão, pelas 17h00. Quinta, dia 18, no mesmo local, marcará presença Francisco Fanhais, figura marcante da música de intervenção em Portugal, para apresentação do livro “José Afonso – Todas as Canções”, que reúne partituras, letras e diagramas de acordes de 158 canções da autoria de José Afonso. Algumas destas canções serão evocadas através da interpretação de Francisco Fanhais, companheiro de estrada e actual Presidente da Associação José Afonso.

A música volta a marcar presença na noite de sexta feira, dia 19, no Lagar dos Galegos, com a  exibição do filme “Silêncio – Vozes de Lisboa”, de Judit Kalmar e Celine Carlisle, documentário que dá a  ver uma Lisboa gentrificada e onde o fado ocupa lugar central. Uma das fadistas que comparece no filme é Marta Miranda, que poderá ser escutada no concerto agendado logo a seguir à sessão de cinema para o mesmo local, revisitando temas do seu repertório, com o acompanhamento à viola de Luís Guimarães.

Ao longo da semana, em sessões que acontecerão dos dois lados da fronteira, abre-se ainda a possibilidade de conhecer algumas propostas recentes do cinema de expressão portuguesa e espanhola, como ”A Metamorfose dos Pássaros”, a premiadíssima obra de Catarina Vasconcelos, ”Ar Condicionado”, do angolano Fradique, ”Cinco Lobitos”, da espanhola Alauda Ruiz de Azúa, ou “Memórias do Contrabando”, de Rafaê, filmado na região de Marvão.

O último dia do festival, sábado 20, abre pela manhã,  no centro cultural de Marvão, com a exibição do filme “Nuno Teotónio Pereira – Um Homem na Cidade”, de Joana Cunha Ferreira, numa sessão evocativa deste arquitecto e figura marcante da sociedade portuguesa, com ligações à região de Marvão e Castelo de Vide, onde viveu e desenvolveu vários projetos.

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