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Quarta-feira, Abril 24, 2024

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João Ferreira vence a Baja Portalegre 500 e faz História na Taça do Mundo FIA

Para mais tarde recordar. A Baja Portalegre 500 teve emoção e incerteza até aos quilómetros finais, com João Ferreira (23 anos) a tornar-se o mais jovem vencedor de sempre da clássica alentejana e de uma prova da Taça do Mundo. Nas motos, assistiu-se à mais curta margem de vitória nas 36 edições da prova do ACP e provavelmente do todo terreno mundial, com António Maio a bater Martim Ventura por 0,1s… após 414,21 quilómetros!

 

António Maio nem queria acreditar. Com os dois filhos bebés nos braços, em plena Herdade das Coutadas, um dos palcos emblemáticos da Baja Portalegre 500, o heptacampeão nacional recebeu a notícia de que tinha acabado de vencer a prova das motos pela oitava vez, mas esta… por 0,1s! A poucos metros, Martim Ventura ainda recuperava o fôlego, após uma exibição notável, dedicada ao pai, onde atacou como nunca para tentar ‘roubar’ a vitória a um dos ídolos de infância.

 

Era Portalegre a ser Portalegre: emoção e incerteza até ao último metro, até à última gota de suor e lágrimas. Porque o verdadeiro espírito da Baja Portalegre 500 vai muito além de vencedores e vencidos. É um microcosmos de emoções, feito da paixão dos adeptos – aos milhares, como sempre – e da superação dos pilotos, homens e mulheres, de diferentes gerações e proveniências.

 

Pouco antes, no parque de assistência, uma piloto dos SSV, oriunda da Arábia Saudita, já se mostrava rendida na estreia em Portalegre: “Estou a adorar! Há mesmo muito público e aqui temos vários SSV em prova. Parece que isto já faz parte da cultura!”, afirmava Mashael Alobaidan, que espera ser um exemplo para as pilotos femininas do seu país.

 

Ao longo de 35 anos, o apelo de Portalegre atraiu grandes nomes do desporto motorizado mundial, em duas e quatro rodas: de Colin McRae a Carlos Sainz, de Stéphane Peterhansel a Ari Vatanen, de Thierry Magnaldi a Richard Sainct, entre tantos outros. Este ano, os pilotos portugueses assumiram o protagonismo e produziram novas histórias, dentro da História. Além da mais curta margem de vitória de sempre na Baja Portalegre 500, nas motos (ler mais abaixo), a prova dos automóveis ficou marcada pela vitória do campeão nacional e europeu João Ferreira que, aos 23 anos, se tornou o mais jovem vencedor de sempre de um evento da Taça do Mundo FIA de Bajas.

 

O derradeiro dia de prova começou com Yazeed Al-Rajhi a reforçar o comando que já trazia do dia anterior, com o piloto da Toyota a ser o mais rápido nos 204,66 quilómetros do Setor Seletivo 3. Contudo, João Ferreira ficou a apenas 4,3s do saudita e manteve a pressão para o quarto e decisivo Setor Seletivo. Aí, a chuva forte – com períodos de granizo – alterou, por completo, o perfil da competição. Os SSV da categoria T3 passaram a impor o ritmo e Armindo Araújo chegou a ser o piloto mais rápido em prova, antes de um toque deixar o heptacampeão nacional de ralis fora de ação. João Dias, o campeão nacional da categoria, passou então a ser o mais sério candidato à vitória – que seria a primeira de um T3 na Taça do Mundo –, mas João Ferreira fez uma ponta final notável e anulou o tempo perdido para o piloto do Can-Am. O jovem leiriense, navegado por David Monteiro, fecha a época com uma vitória memorável na prova do ACP.

“É uma sensação incrível, nem acredito que consegui ganhar. Depois do acidente que tivemos a semana passada, não acreditava que conseguia ganhar a corrida, nem que ia ter andamento para os mais rápidos. Foi uma luta desde o primeiro quilómetro, mas estou muito satisfeito. A época foi boa (ndr, só por uma vitória é que não fez o pleno no campeonato) e quero agradecer a todos os que nos apoiaram, especialmente aos nossos pais, à ARC e à X-Raid”, referiu o piloto do MINI, que depois explicou o segredo da vitória em Portalegre: “O último setor foi particularmente difícil, por causa da chuva, que tornou o piso muito traiçoeiro. Nas ribeiras apanhámos alguns sustos, porque o carro ficava preso a atravessar a água e era aí que o João Dias nos ganhava tempo. Depois, na parte final, como já estava mais seco deu para atacar. Terminar assim é como colocar a cereja no topo do bolo”, referiu o jovem campeão nacional e europeu.

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