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Quinta-feira, Abril 25, 2024

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Luto sem despedida…

Por tradição o velório realiza-se com o falecido “de corpo presente” , em reunião de luto, como forma de despedida do ente querido. Viver esse luto significa reaprender a viver apesar da perda, aprendizagem essa fundamental! Trata-se de um processo doloroso, mas necessário. Precisamos viver esse luto para não vivermos em luto. Durante esse período tudo dói… é quase insuportável permanecermos em nós mesmos… vive-se uma realidade paralela de saudade, de negação… mas para nós cristãos, a fé permite-nos também viver uma realidade de esperança na ressurreição e no encontro com o Deus que se fez menino e que nos ensinou a amar! Aí tudo se torna mais fácil. Neste sentido, o luto permite pois a ressignificação da experiência, a retomada da vida e o renascimento da esperança e do desejo de viver.

 

Sem obrigatoriedade, a Direção Geral de Saúde recomenda a cremação em caso de morte por COVID-19. Com famílias confinadas… com celebrações restritas com as recomendações sanitárias tão distintas do que a nossa fé permite alcançar tudo se torna mais difícil! Não há despedida … não há velório, e velar é estar vigilante, é dar sentido ao que está a acontecer.  Ficamos martirizados com a ideia do pecado do abandono por não termos ido ao tão necessário acompanhamento de quem nos deixou … ficamos sem aquele conforto egoísta de partilhar os últimos momentos possíveis! Há que ter fé!

 

Em tempos de Covid vivemos um luto sem despedida e sem contacto.  Estamos a aprender uma nova forma de nos relacionarmos com a perda e ninguém está preparado para este isolamento. É grande o perigo da revolta que implica um doloroso e grande sofrimento!

 

Importa pois, mais do que nunca, rezar pelos mortos, pelos que partem sem o modelo de celebração que sempre ambicionaram … sem missa,   sem exéquias fúnebres … sem a despedida dos seus! Rezar para que não lhes fique essa dor na alma … rezar também pelos que os perdem sem a oportunidade da despedida e da prestação da tão merecida última homenagem … e acima de tudo rezar pelas melhoras de quem está doente, pela coragem de quem os trata e pela saúde de quem, por Acção de Graças, tem permanecido saudável! Rezemos acima de tudo pelo fim desta terrível pandemia! Nunca foi tão oportuna a Novena a Nossa Senhora da Saúde de Évora, que amanhã, dia 25 de Janeiro, se inicia. Durante 9 dias,  centenas de pessoas, em oração, rezarão à Virgem, Senhora da Saúde de Évora, que com o mesmo carinho que traz o Deus que quis ser menino no seu colo, intercederá por certo,  por todos nós, seus frágeis filhos.  Que Nossa Senhora da Saúde de Évora cubra toda a humanidade com o seu manto protector!

 

Sérgio Fernandes

Secretário da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora

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