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“Não tendo este apoio temos que fechar as portas”, diz diretor do CENDREV sobre financiamento da DGArtes (c/som)

O CENDREV (Centro Dramático de Évora), ficou excluído do Programa de Apoio Sustentado da DGArtes (Direção-Geral das Artes) para o período de 2018-2021.

Em declarações à Rádio Campanário, José Russo, diretor do CENDREV, afirma que “não tendo este apoio temos que fechar as portas”.

O sector artístico “contribui para a economia portuguesa com valores muito superiores àqueles que está a distribuir com o financiamento às artes”, aponta, lamentando que este tenha tão pouca representatividade no Orçamento de Estado.

“O Alentejo, é profundamente afetado por estas medidas” e “nestes últimos 10 anos, temos vivido horas amargas” devido à precariedade existente no país. “Num país que se quer moderno e desenvolvido”, critica, o Governo toma medidas que acabam com “as estruturas artísticas que garantem o cumprimento do serviço público”.

Por esta razão, o dirigente apela à intervenção do Primeiro Ministro na correção da situação, “não acredito que possa ser de outra forma”, e que a cultura seja novamente colocada no “patamar de financiamento de 2009”.

Apesar da exclusão do CENDREV do programa de apoio neste ponto, segue-se ainda a fase de audiência de interessados, durante a qual estes podem ainda reclamar os resultados junto da DGArtes. Questionado se o CENDREV irá proceder a queixa junto da entidade, afirma que sim, e que “esperamos que seja corrigido, senão é nefasto para a vida cultural deste país. Não se pode imaginar um país sem cultura”.

Relativamente a outros apoios, estes provêm de autarquias locais, que “têm tido um papel muito importante nesta questão da cultura” apoiando as estruturas artísticas e promovendo a sua relação com o território. Para além do Município de Évora que encarregou o CENDREV da gestão do Teatro Garcia de Resende, o centro tem protocolos com municípios como Alandroal, Arraiolos, Redondo, Montemor-o-Novo, Vendas Novas, e brevemente Ferreira do Alentejo. Contudo, estes “são apoios complementares”, sendo que o financiamento do Estado surge como um “apoio estruturante da nossa atividade”.

Não se pode “falar de turismo nem de educação sem falar de cultura”, estando agora em causa “a própria liberdade dos criadores, e do público de poder fruir da cultura”.

José Russo apela ao reconhecimento, por parte do Governo, do trabalho que é desenvolvido com em todo o território, nomeadamente junto das escolas e das populações rurais, na “preservação e salvaguarda do património”. Como exemplo desse papel, surgem os espetáculos dos Bonecos de Santo Aleixo, em que o CENDREV “recuperou esse importantíssimo espólio da nossa cultura popular” e tem-no divulgado pelo país e pelo mundo.

Contudo, lamenta que nada disso pareça “ter valor ou importância”, e que o Governo tome medidas que podem “apagar do mapa do teatro o Centro Dramático de Évora”.

A medida está a fazer movimentar “as pessoas do setor com muita força, as Câmaras Municipais também estão solidárias com estes movimentos dos artistas”, sendo que decorrerão várias manifestações por parte não só dos que não receberam nada, como dos que receberam financiamento insuficiente. “Sexta-feira vai haver uma concentração frente ao Teatro Nacional, em Lisboa, onde nós vamos também”.

Recorde-se que de um total de 89 candidaturas avaliadas, a companhia de Évora encontra-se entre as 39 estruturas e projetos que ficaram sem financiamento plurianual, segundo resultados provisórios do concurso. Contudo, na região Alentejo e no âmbito da arte, são apoiadas pelo programa a Companhia de Dança Contemporânea de Évora e a associação PedeXumbo.

 

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