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Quinta-feira, Abril 18, 2024

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O Alentejo tem “alguns exemplos de sucesso” na arqueologia, diz prof. da Universidade de Évora (c/som)

Entrevistado pela Campanário, sobre o estado da arqueologia em Portugal e no Alentejo, o professor de Arqueologia na Universidade de Évora, André Carneiro explica que apesar das dificuldades da regulamentação e acesso a financiamento que existem na área, há casos de sucesso no Alentejo, patrocinados pelas próprias autarquias. Mediante este cenário, o investigador acredita que o futuro da profissão passa também por uma maior aposta no valor turístico do património, cultural e material.

André Carneiro refere que “há muito mais coisas que se podem fazer na arqueologia”, como por exemplo “a divulgação do património arqueológico”, uma área na qual “temos antigos alunos nossos da Universidade de Évora a criar empresas ligadas ao turismo arqueológico”, contrariando a ideia de que “o arqueólogo é um irmão do construtor civil”, e afirmando-se como “alguém que vai explicar às pessoas o que é que é o passado”.

Porém, a profissão encontra-se “numa encruzilhada”, no que diz respeito à obtenção de apoios e financiamento. Pois “por um lado não podemos concorrer aos fundos do turismo”, sendo que este “é a consequência daquilo que nós fazemos”, e “por outro lado não podemos concorrer aos fundos de ciência” por serem “cientistas da área social” e por isso não recebem “o financiamento da área tecnologia”. Por isso, “quem nos financia, na maior parte dos casos, são as autarquias”, que “algumas têm sensibilidade para promover o seu património e apostam na arqueologia e a maior parte deles incluindo no próprio Alentejo”.

Neste caso em específico “temos alguns exemplos de sucesso”, como “o caso de Mértola, que é uma vila que hoje em dia puxa muitos turistas, essencialmente por causa da arqueologia”, assim como “a autarquia de Fronteira”, onde “há vinte anos que fazemos escavações todos os anos” e “já por lá passaram mais de 500 alunos de inúmeros países da europa”.

No que diz respeito a Vila Viçosa, a arqueologia está relacionada “com a própria identidade” da localidade, que “tem uma série de produtos, que são produtos muito fortes”, como o exemplo “dos mármores”. “Vila Viçosa tem pedreiras de mármore, mas há dois mil anos já tinha, por causa dos romanos”, diz o investigador.

Porém, independentemente da tipologia dos apoios, André Carneiro não acredita que a profissão esteja em risco, “pelo contrário”. O arqueólogo acredita que “vai começar a haver mais apoios e outra maneira de pensar nas coisas”, até porque “as pessoas vêm para estas regiões” como o Alentejo, para “conhecer o património, entrar nas igrejas” e “no caso da arqueologia, andar aí pelo campo a visitar os sítios, os roteiros pedestres, os trilhos de natureza”.

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