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Sábado, Abril 20, 2024

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“O estado da água e saneamento em Estremoz é caótico; precisamos de uma solução urgente” diz Presidente da CM de Estremoz(c/som)

 

Os sistemas de água são uma verdadeira preocupação na maior parte dos Municípios Alentejanos onde redes completamente obsoletas representam uma preocupação constante com ruturas a acontecerem dia a dia.

Este cenário não é excepção em Estremoz onde a degradação do sistema de águas e do saneamento é a principal preocupação do atual executiva, estando a ser ponderada uma eventual concessão deste sistema á Empresa Águas do vale do tejo.

A Rádio Campanário falou com José Daniel Sadio, Presidente da CM de Estremoz sobre esta questão, numa grande entrevista onde foi explicado o que está a ser feito pela autarquia no sentido de arranjar uma solução para o problema.

O Presidente da CM de Estremoz começou por nos referir a necessidade urgente de “ arranjar uma solução porque o futuro do concelho está em causa” confirmando de facto a “Intenção da CM concessionar a água e o saneamento ao grupo das águas de Portugal, nomeadamente a empresa Águas do Vale do Tejo.”

O Autarca sublinhou “quero encontrar uma solução e o meu compromisso com os estremocenses é esse mesmo, encontrar soluções, algo já adiantado em sede de campanha eleitoral , nomeadamente que existiam linhas vermelhas e que eu jamais queria entregar a água de Estremoz a privados, queria era arranjar uma solução, fosse com capitais próprios da câmara, fosse com uma concessão no domínio da esfera pública.”

O Edil acrescenta “é o que está a ser feito, eu estou a procurar uma solução sem embargo de a oposição ou sociedade civil poderem apresentar outras alternativas” realçando “estamos em 2022 e o estado da água e do saneamento em Estremoz é caótico.”

Em termos de Perdas, Estremoz está no top 3, conforme refere “perdemos mais de 70 a 80% da água que captamos e diariamente a equipa de águas da CM têm que estar constantemente a intervir pois estamos a toda a hora a reparar ruturas, temos freguesias sem ETAR, com esgotos a céu aberto, onde temos semanalmente fossas para limpar.”

A Câmara, esclarece o autarca “ não tem capacidade financeira para fazer anualmente investimentos de requalificação pois se tivesse nos últimos 12 anos tinham sido feitos e o que foi feito foi apenas 2 etars e conseguiu-se requalificar a rede em baixa de uma freguesia” explicando que “faltam 3 ETARS e requalificar o restante concelho.”

O que está em causa é o futuro do nosso concelho e termos água nas torneiras” realçou José Sadio que adianta ainda “percebi junto da empresa Águas do Vale do Tejo que há possibilidade e interesse em que , sendo essa a decisão dos órgãos ,  pode haver margem de entendimento” assegurando “estamos a fazer levantamento de necessidades para remodelar toda a rede de água em alta e a rede de água em baixa bem como o sistema de saneamento básico.”

Ainda assim garante “quando existirem dados em concreto passamos ao debate político e escrutínio.”

O Autarca “prevê e deseja que até meados do ano de 2023 esta discussão possa ser iniciada.” Questionado sobre a existência de fundos comunitários ao abrigo do PT 2030 para intervenção na rede de águas e se a solução poderia passar por aí, o autarca refere “sim poderia ser uma possibilidade , mas não temos ainda noção do pacote que será alocado ao PO regional mas ainda que a CM tivesse a possibilidade de apresentar a candidatura na totalidade ou em parte, quando falamos de previsões de dezenas de milhões de euros não tenho capacidade para suportar a comparticipação que é exigida ao Município.”

A título de exemplo explica que de acordo com o levantamento feito em 2007 a estimativa só para requalificar a rede em alta era de 11 milhões de euros justificando “não temos capacidade orçamental para resolver de forma expedita um problema gravíssimo que pode colocar a qualquer altura Estremoz em risco de não ter água na torneira.”

Caso a concessão venha a avançar, garante José Daniel Sadio “ os tarifários praticados por este grupo serão conhecidos “ explicando ainda que “o investimento é assumido na integra pelas Aguas de Vale do Tejo a Câmara mantém a propriedade do sistema de águas e deixa apenas de gerir durante um prazo de tempo , o que permite à autarquia ter capacidade orçamental para ir pagando como quase um empréstimo”

Se esta alteração se reflete ou não na fatura dos munícipes, o Autarca esclarece “há-de haver sempre reflexo no preço que as pessoas pagam mas isso aconteceria mesmo que fosse a CM a fazer esta intervenção “ acrescentando contudo “o que as pessoas vão ter que apagar a mais é fruto da incompetência de quem deixou chegar a 2022 Estremoz com a água no estado que está.”

O anterior executivo pagou a uma consultora a elaboração de um caderno de encargos para entregar a água de Estremoz a um grupo privado mas nunca chegou a ser feita em reunião; foram gastos cerca de 100 mil euros o motivo porque não levaram o assunto à reunião de câmara ninguém sabe” refere ainda o Presidente da CM de Estremoz.

Relativamente à capacidade de recursos hídricos do concelho neste momento, o presidente estremocense adiantou “nós temos captações próprias e aquíferos e é daí que vem a água mas não temos uma reserva e as previsões são preocupantes; se tivermos um ou dois invernos eu não consigo dizer que a água é suficiente ou se vou ter que andar a pagar a camiões para abastecerem as populações.”

Concessionando a água ficaríamos com a possibilidade de Estremoz de ser abastecida pela água que vem do caia ou de Castelo de Bode é a garantida de que não tendo uma barragem ou reserva podemos ser abastecidos pelo sistema” entende ainda José Daniel Sadio que considera este facto uma mais valia para o concelho.

José Daniel Sadio esclarece “alguns municípios Alentejanos já integram a empresa aguas vale do Tejo e se for vontade dos órgãos de Estremoz de o fazer iremos fazê-lo pois existe interesse de ambas as partes e viabilidade”. Ainda assim adianta “o processo ainda está numa fase embrionária, após a apresentação da proposta a capacidade orçamental do Município tem que ser vista , é necessário um acordo que seja viável ao longo da concessão .”

O Autarca está convicto “na questão das águas conseguiremos encontrar junto da tutela e da empresa uma forma para não asfixiarmos Estremoz” insistindo “este é o maior e mais grave problema e Estremoz mas há outros nomeadamente na reabilitação urbana mas está fora de questão, com este acordo, hipotecar Estremoz e condicionar o trabalho futuro por isso o acordo tem que ser viável.”

Relativamente à existência de dívidas de ao município, um problema que existe no Município de Estremoz, José Sadio mencionou que tal problema , orçado em cerca de 1100 mil €, não está sanado, tendo sido criada internamente uma “task force” para a sua resolução.

 

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