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“Os jovens não estão a aderir ao Cante e tenho muito receio da continuidade do grupo”, diz presidente do Grupo Coral da Granja (c/som)

Mourão recebeu ontem à noite um concerto de homenagem ao Alentejo e ao Cante, com o artista Vitorino que atuou acompanhado pelos quatro grupos de cante alentejano do concelho de Mourão.

A Rádio Campanário falou com Vítor Aranha, presidente da direção do Grupo Coral da Granja, um grupo que existe deste o dia 1 de fevereiro de 2005

Vítor Aranha começou por referir que “nós estamos a preservar aquilo que os nossos antepassados nos deixaram,” destacando que “estamos a seguir aquilo que os nossos familiares fizeram e de bem, na altura, e que nós não queremos deixar morrer.”

Questionado se os jovens têm aderido ao grupo de Cante Alentejano, o presidente do Grupo Coral da Granja referiu que esse “é um dos grandes problemas que o Cante Alentejano tem é a juventude.”

Vítor explicou que no Grupo da Granja “temos aqui pessoal novo que entrou agora, mas que eu penso que não irão fazer carreira no Cante Alentejano,” justificando esta opinião pelo facto de “hoje, devido aos empregos é difícil,” pois, “estão a estudar fora, estão a trabalhar fora, não conseguem ensaiar, não conseguem estar nas atuações, não é fácil.”

Para além disso “hoje em dia o pessoal novo não adere já muito ao cante alentejano o que é pena,” aponta o presidente do grupo Coral.

Segundo Vítor Aranha, “o Cante Alentejano não é muito fácil para este pessoal novo,” porque “têm que gostar muito do Cante Alentejano, têm que estar enraizados com o Cante Alentejano e têm que ser amantes de cantar à Alentejana, o que por vezes hoje não é muito fácil.”

Questionado se a pandemia veio condicionar o entusiasmo dos mais novos nesta área, Vítor Aranha destacou que “também contribuiu muito para isso, embora eu não me vire muito para a pandemia em relação aos grupos corais, viro-me mais é para o pessoal jovem que não tem muita vontade de cantar a alentejana”

Questionado sobre quantos membros integram o Grupo Coral da Granja, explica que “temos 17, embora hoje só tenham vindo 14, porque lá está, alguns estão a trabalhar outros estão a estudar.”

Sobre a questão de considerar que está assegurado esta nossa tradição de cantar alentejano, Vítor refere que “sim e se não estiver assegurado por nós, está assegurado por outros grupos que não irão acabar,” contudo, “está-se a tornar muito difícil manter os grupos corais no ativo assim conforme estão.”

Questionado sobre se o Grupo Coral da Granja costuma atuar noutras zonas do país e além-fronteiras, Vítor Aranha destacou “já atuamos em Espanha várias vezes,” acrescentando que “eu penso que a pandemia parou um pouco os grupos,” nomeadamente “parou o pessoal com mais idade que andava no Cante Alentejano e que são aqueles que realmente gostavam do Cante,” sublinhando que “o facto de estarem tanto tempo parados já não se conseguiram reativar, o que é pena.”

“O amor ao Cante é o que nos faz andar aqui a nós, mas nós também acabamos. Os mais velhos, andamos aqui a puxar as arreatas a isto, mas chegamos a uma altura que estamos cansados,” aponta Vítor.

Sobre o futuro do Grupo, o presidente refere que “não tenho ideia em acabar e não queria que ele acabasse,” mas “sei que é difícil mantê-lo.” Vítor Aranha avança ainda que “temos muito boa gente nova a cantar, mas é nas tabernas. Não querem ter esta responsabilidade de cantar nos grupos, porque é cantar com os mais velhos,” destacando que “não querem acatar as ideias dos mais velhos, nem aquilo que os mais velhos lhe tem para ensinar, porque eles é que sabem e sendo assim torna-se difícil.”

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