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Quinta-feira, Abril 18, 2024

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“Os mártires da derrocada da estrada de Borba, merecem atuação, não só dos empresários e autarquias, mas também do poder central e do país”, diz Arcebispo de Évora (c/som)

Decorreu esta quarta feira, 20 de novembro, na Igreja de São João Evangelista (S. Bartolomeu), em Vila Viçosa, a missa em memória das 5 vítimas do colapso da estrada que ligava Borba a Vila Viçosa.

A Rádio Campanário esteve presente, levando a todos os ouvintes a transmissão da eucaristia que foi presidida por sua Excelência Reverendíssima o Senhor Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho.

No final da celebração litúrgica, a RC, questionou D. Francisco sobre a forma como esta tragédia afetou as populações da zona dos mármores.

D. Francisco Senra Coelho começa por frisar que “não tenho dúvida que ao nível de sofrimento, saudade, perda, nada pode apagar o modo trágico como tudo aconteceu”, acrescentando que “ao nível da população continuamos com alguma perplexidade, pois continuamos a ver uma estrada com metade da faixa interdita porque é perigoso passar por cima dela”.

O Sr. Arcebispo considera que “passado um ano não deviamos ter estradas em que só é seguro passar por uma das faixas”, em alusão ás restrições impostas nas estradas que ligam Vila Viçosa a Bencatel e Vila Viçosa a Pardais, referindo ainda que “já deviam ter existido sinais mais evidentes de cuidado com a segurança”.

A problemática das pedreiras “é muito séria”, levando D. Francisco a questionar se “é esta a configuração final do território?”.  Para o Sr. Arcebispo “é importante perceber qual a solução para as pedreiras cujos donos abandonaram a sua exploração”, acrescentando que “é necessário refletir sobre a constituição do sistema em prática”.

“Usar as pedreiras enquanto são viáveis e depois abandonar e ir embora, não me parece correto”
D. Francisco Senra Coelho

D. Francisco lembra que “as pedreiras têm dono, têm propriedade, mas também são bens comuns, onde existe perigo”, e é exatamente esse perigo que deixa sua Excelência Reverendíssima “fico perplexo com a passividade desta situação”.

O Sr. Arcebispo considera que este tema “não se restringe ás autarquias ou proprietários, é um tema que tem que ver com o país, com o poder central, com a fiscalização, no fundo falamos da qualidade de vida dos cidadãos”.

Passado um ano sobre os trágicos acontecimentos “respira-se uma continuidade, uma espécie de submissão e uma atitude de contemporizar o problema”, declara.

“A memória destas pessoas que morreram, no fundo como mártires da estrada, tem de merecer por parte das instâncias uma posição de atuação”
D. Francisco Senra Coelho 

D. Francisco alerta para “situações de risco, autênticas ratoeiras”, e “passado um ano continuam os mesmo sinais de trânsito, as mesmas fitas de plástico amarelo”.

Para o Sr. Arcebispo “não se trata de reconstruir a estrada que colapsou”, trata-se sim “de garantir segurança em todas as que estão sinalizadas com perigo”.

D. Francisco afirma que “um ano já é suficiente para que vejamos sinais de mudança, mas efetivamente parece-me que não vemos”.

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