14.8 C
Vila Viçosa
Sexta-feira, Abril 19, 2024

Ouvir Rádio

Data:

Partilhar

Recomendamos

“Para o setor dos mármores sobreviver a esta crise é preciso união entre empregados, empresários e sindicatos” diz João Barroso da empresa Marvisa (c/som)

Em entrevista à RC, João Barroso, da empresa Marvisa – Mármores Alentejanos, Lda, fala sobre como tem sido vivido o momento pandémico atual na empresa e no setor dos mármores.

O proprietário refere que tem sido “difícil para os empresários e para os trabalhadores” e deixa um agradecimento aos seus empregados “pois sem eles não conseguíamos fazer nada”.

Explica que o setor dos mármores só irá por um “bom caminho” quando houver união entre empresários, trabalhadores e sindicatos. Garante, porém, que na empresa, que comprou há cerca de 12 anos, existe essa união pois “quando para aqui vim a empresa devia mais 1 milhão de euros à segurança social e foi preciso muito trabalho e se os trabalhadores não colaborarem não há empresário nenhum que resista. Isto é feito com muito trabalho de ambas as partes, com dedicação e honestidade”.

No entanto, refere que no setor dos mármores não há união e que está muito diferente desde há 12 anos, porque se começaram a vender “as pedras mais baratas do que se vendia naquela altura” o que levou a uma desvalorização no mercado.

“A exploração tem que ser paga com os preços das pedras e se os preços não pagarem a exploração é melhor fechar”. João Barroso garante que nunca se atrasou nos pagamentos dos trabalhadores, “mas se um dia não puder fecho e digo que não há dinheiro”. Exemplifica como um grande gasto que as empresas têm atualmente o gasóleo, “há 12 anos gastávamos, por exemplo, 1000 euros em gasóleo e 1000 em pessoal, agora não ganhamos para gasóleo, gasto no gasóleo o dobro do dinheiro que gasto com os meus empregados e isso não é justo. Deviam baixar os impostos do gasóleo, o Estado leva o dinheiro todo e isso é que leva as empresas abaixo”.

Para esta empresa que explora mármore e brita, têm sentido dificuldades em exportar o mármore pois “não há aviões e os clientes são estrangeiros”. Porém a brita tem sido vendida, ainda que com menos ênfase que anteriormentem, “o mês passado carreguei dois barcos, dia 15 vou carregar outro e vou carregando, mas é com algum tempo de distância”.

O proprietário da Marvisa explica que não vende a “brita como sai da britadeira”, é feito um trabalho de preparação e escolha das mesmas que lhe acrescenta valor, considerando que são estas vendas que dão valor à empresa e ao mercado.

Relativamente aos mármores refere que “não é rentável pois o que se vende da pedra não paga a mão de obra”.

Afirma que o segredo para o sucesso com a brita é “o amor que se dá”. Explica que “para qualquer coisa é preciso amor” e que inclusive os trabalhadores, quando algo sai mal “melhoram pois as pessoas que trabalham aqui é preciso terem amor também”.

João Barroso vê com injustiça o ordenado que os seus trabalhadores recebem comparado com o que têm de fazer diariamente. O salário médio na empresa é de “cerca de 800 euros, mas gostaria que ganhassem mais. Não é justo os meus trabalhadores trabalharem mais que os do estado, porque os meus trabalhadores é que andam a fazer dinheiro, aqui no privado, para pagar ao estado, isto é tudo impostos”.

Relativamente ao futuro do setor considera-se um homem de fé e que desde que haja “fé, força, vontade de trabalhar e amor ao próximo isto não pode piorar, tem de melhorar”.

“Pode levar tempo, mas não pode piorar. Os mármores ainda têm um ordenado mais ou menos e acho que vai melhorar. Enquanto homem de fé acredito nisso”.

Populares