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Parque Monte Selvagem, em Lavre, vive dias difíceis e corre o risco de fechar

Em 2018 e 2019, o Monte Selvagem foi eleito pelos portugueses, nas primeiras edições do concurso Portugal Cinco Estrelas, como o melhor Parque Temático de Portugal. Fica em Montemor-o-Novo, freguesia do Lavre, e alberga em 20 hectares mais de 300 animais de 70 espécies. Antes da distinção há dois anos, o Monte já tinha sido eleito como o espaço com a melhor animação turística do Alentejo, em 2012.

Menos de um ano depois, o parque com mais de 300 animais e, claro, o único trampolim gigante familiar do País, sofreu um embate tão grande com a pandemia que o futuro é uma incógnita.

Em entrevista ao NIT, Ana Paula Santos, a diretora do parque selvagem, explica que este está, de facto, a ser um ano “muito atípico, difícil e muito preocupante”. E acrescenta: “Não sabemos se conseguiremos manter o parque no futuro”.

A responsável adianta a cronologia dos últimos meses: “Encerrámos o parque a 13 de março e estivemos fechados durante dois meses e meio, precisamente na época de maior afluência de visitas escolares. Perdemos as visitas de 25 mil crianças em grupos escolares, que tinham as idas ao Monte Selvagem agendadas para entre março e junho (até final do ano lectivo). “

Ao mesmo tempo, perdemos todos os visitantes em núcleos familiares que vinham nessa altura, essencialmente aos fins de semana, férias escolares, Páscoa, feriados do 25 de Abril e do 1 de Maio… Apesar de em julho, agosto e setembro termos tido alguma afluência de visitantes, no final de setembro tínhamos 20% dos visitantes que tivemos no período homólogo de 2019 e cerca de 30% da faturação”, resume à NiT.

Não foi por falta de esforço: o Monte Selvagem seguiu uma política “Clean & Safe”, de acordo com as orientações do Turismo de Portugal, e devido às progressivas medidas de desconfinamento decretadas pelo Estado, quando reabriu novamente as suas portas, começou a receber visitas com marcação prévia e a funcionar em horário reduzido.

Neste momento, já não é pedida a marcação prévia, mas mantém-se o horário reduzido (das 10 às 17 horas, sendo que só se pode entrar até às 15 horas) e são cumpridos todos as regras de higiene impostas pela DGS

Além disso, a restrição total do contacto físico com os animais foi accionada, nomeadamente com os animais domésticos da quintinha.

O verão correu de forma tranquila, pois nunca atingimos as lotações máximas de segurança para o nosso espaço. Os visitantes mostraram-se bastante compreensivos com as restrições impostas e cumpridores das regras, ávidos de ar livre e de natureza, e conseguimos recuperar um pouco da ausência total de faturação provocada pelo fecho do parque. O público que nos tem visitado tem manifestado muito agradado com as condições e serviços atuais do parque, fator altamente motivador para toda a equipa, em tempos tão difíceis que estamos todos a viver”, diz a diretora do Monte Selvagem.

Agora no outono, com o inicio do ano letivo, denota-se sempre um grande decréscimo de visitantes. Mas, mesmo assim: “Temos tido algum movimento aos fins de semana, pois o clima tem estado propício e as famílias precisam do contacto com a natureza para ultrapassarem esta fase de confinamento e de pressão para todas as idades. E, se as condições climatéricas e da pandemia o permitirem, esperamos conseguir agora em novembro, dezembro e janeiro (meses em que o parque está habitualmente encerrado) abrir pelo menos aos fins de semana. Atualizaremos sempre as datas de abertura no nosso site oficial e redes sociais”, diz Ana Paula.

O bem-estar dos nossos animais e plantas tem sido sempre garantido, com enorme esforço financeiro desta empresa familiar, a compreensão dos nossos fornecedores para o atraso do pagamento de produtos, algumas doações regulares e pontuais de alimentos e a maior dedicação da nossa querida equipa de trabalho”, frisa a responsável.

No entanto não é fácil: “A manutenção do bem estar dos nossos animais e plantas, a manutenção dos postos de trabalho da nossa equipa técnica especializada, a manutenção dos equipamentos de apoio aos visitantes e da segurança das instalações e de todas as estruturas, requerem uma grande despesa constante”, diz Ana Paula.

Como a única fonte de financiamento do Monte Selvagem são as receitas de bilheteira, loja e bar do parque, a diretora admite: “Estamos muito aquém do que necessitamos para conseguir manter o parque”.

A empresa já teve de recorrer a um financiamento bancário de apoio à Covid-19 e os fornecedores habituais viram os seus pagamentos atrasados. “Esperamos conseguir reinventar o nosso Monte Selvagem, cumprir com todas as nossas obrigações e não ter de encerrar o parque definitivamente”.

Na página do parque existem formas de fazer donativos. “Mas nem é preciso ir por aí, basta visitarem o parque. Já é uma enorme ajuda. Ao visitarem o Monte Selvagem, estão a ajudar a Conservação da Natureza e a viabilizar este projeto de responsabilidade ambiental e educativa”.

O Monte Selvagem – Reserva Animal foi inaugurado a 8 de maio de 2004. Além de todas as espécies autóctones que habitam o seu meio natural, aloja dezenas de espécies selvagens e domésticas. Aberto normalmente ao público durante nove meses do ano, de fevereiro a outubro, o conceito nasceu da ideia dos seus sócios, uma empresa familiar, que queria criar um espaço de respeito pelo ambiente e de protecção dos animais e da Natureza em geral. Construído e gerido sob princípios de sustentabilidade ambiental, não tem nenhum animal oriundo do seu habitat natural, apenas aloja animais confiscados pelas autoridades e excedentes de outros parques congéneres.

 

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