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Terça-feira, Abril 16, 2024

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“Queremos evitar a todo o custo que o jacinto-de-água colonize o Alqueva”, diz pres. da EDIA (c/som)

O “jacinto-de-água”, “aguapé” ou “camelote”, como é chamado em Espanha, cientificamente designado de “eichhornia crassipes”, é uma planta aquática originária do rio Amazonas que recentemente invadiu vários rios da região, como o Guadiana, ameaçando o equilíbrio natural do rio e qualidade da água. Para lutar contra essa praga, do lado espanhol todos os anos são gastos milhões de euros para remover toneladas de jacintos da água. Já em Portugal, o presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema, explicou à Campanário que a aposta é feita sobretudo na prevenção, recorrendo tanto a barreiras como à remoção da planta à mão com pequenas embarcações.

“O jacinto-de-água tem infestado o Guadiana, no troço espanhol”, onde “este ano falam em 150km de cobertura do rio” e “há dois anos falava-se em 200km ou 300km de rio”, com um cenário “em que deixamos de ver rio, completamente coberto com esta planta” invasora, que se tornou na praga mais perigosa tanto da Extremadura espanhola, como de toda a raia Alentejana.

Pois, apesar da sua aparência, “que parece muito bonita”, mas “é uma praga que tem muito difícil controlo”, ao encontrar condições ideais para o seu desenvolvimento a partir dos 27ºC, como “no verão”. Ao cobrir todo o leito dos rios, o jacinto-de-água vai “eliminando o acesso à luz e ao oxigénio” a todos os seres aquáticos.

É por isso “um risco enorme”, contra o qual “a EDIA tem trabalhado muito há uns anos a esta parte”, sendo que “há mais de cinco anos que fazemos este trabalho de recolha de jacinto sistemática no troço internacional, antes da Barragem de Alqueva”. Além disso, explica o presidente da EDIA, “instalámos há quatro anos a primeira barreira flutuante” e “já temos hoje três instaladas e adjudicámos ainda na semana passada a instalação de uma quarta barreia”.

Nesse sentido, “o que nós queremos evitar a todo o custo é que a planta colonize Alqueva”, prossegue José Pedro Salema. Isto porque, além da vasta área de cobertura que a mesma chega a ocupar, quando as temperaturas baixam, no outono e inverno, “a planta morre”, uma vez que “não está preparada para viver no frio”. Aí “essa massa orgânica toda vai para o fundo, degrada-se e essa degradação pode estragar a qualidade da água”.

Uma situação ainda mais grave, porque “é uma planta invasora que não tem inimigos”, pois “a única coisa que consegue comer o jacinto-de-água é a capivara”, um animal da Amazónia, onde “uma vez por ano o rio sobre trinta metros e depois vai tudo para o mar”, morrendo também aí.

“Além das barreiras, nós temos equipas quase todos os dias, agora no verão, a apanhar plantas uma a uma”, garante o presidente da EDIA. Um “trabalho duríssimo, que eu próprio já acompanhei”. Contudo, o mesmo garante que “é muito mais barato fazermos isso, fazermos este trabalho de prevenção, do que fazer como os espanhóis hoje estão a fazer”, ao gastar “alguns milhões de euros por ano” para “retirar toneladas desta planta” dos rios.

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