O Alentejo é rico em tradições e a sua gastronomia faz “crescer água na boca” a todos os que visitam a Região.
Uma das tradições mais antigas é a Matança do Porco, momento de convívio para a família e amigos que se juntam á roda de uma mesa, para comer as iguarias que podem ser confecionadas com o Porco.
A Cachola é, de todas, a mais “famosa”. Típico prato alentejano, confeccionado na época da matança do porco, pode também chamar-se rechina.
Com a sua confeção aproveita-se o sangue do porco e qualquer matança de porco que se preze, não deixa faltar esta iguaria Alentejana.
Na Misericórdia de Borba, esta sexta-feira, cumpriu-se a tradição e matou-se o porco. Os utentes da Instituição reviveram os tempos de antigamente, não só pelo momento da matança, mas também pela oportunidade que tiveram de deliciar-se com estes pratos tão especiais.
Dionísia Pinto tem 79 anos de idade e foi hoje a responsável pela confeção deste prato na Misericórdia de Borba.
Com a ajuda de duas companheiras, Dionísia Pinto tomou conta da panela e da colher de pau e pôs mãos à obra para fazer a sua “cachola”. As colegas, uma responsável pelo sangue do porco e a outra pelas laranjas, acompanhavam-na na cozinha da Instituição.
Dionísia Pinto explicou-nos como se confeciona o prato: “Primeiro mata-se o Porco, migam-se as miudezas do animal, de forma miúdinha, e colocam-se a refogar, com muita cebola, com muita salsa , com muito alho , pimentão de flor, cravo e banha do próprio Porco.”
O segredo está no refogado e Dionísia diz ”tem que se estar sempre a mexer para não pegar e depois vai-se acrescentando água, pouco a pouco.”
Dionísia faz este prato há tantos anos que “já lhe perdeu o conto”. Em tempos, todos os anos fazia uma matança do Porco.
Mas as iguarias que se podem fazer numa matança do Porco não se esgotam na cachola conforme nos conta “ a carne que tem sangue vai para morcelas e farinheiras pretas, a que não tem sangue vai para chouriços e paios ou linguiças.”
Perguntámos-lhe que memórias tinha das Matanças do Porco de antigamente. Emociona-se e diz “tenho memórias muito boas” acrescentando logo de seguido “mas agora já não me diz nada” lamentando chorosamente a perda do seu marido e do filho.
Dionísia Pinto considera que, ao seu paladar, “a minha cachola é muito boa” e espera que os companheiros da Instituição, utentes tal como ela, também gostem.
Uma certeza Dionísia Pinto tem “Cachola é Alentejo”.
22 Mar. 2023 Regional
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