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Quinta-feira, Abril 18, 2024

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“Em Arraiolos ninguém faz nada” para transmitir arte do Bordado e Tapete às novas gerações (c/som)

A dar continuidade ao trabalho encetado pela mãe que faz os desenhos, Paula Ramalho encontra-se na loja Tapetes Arte em Casa, empresa que tem cinco centenas de bordadeiras exclusivas, a confecionar os Tapetes de Arraiolos que são vendidos na loja. A artesã falou à Campanário sobre as perspetivas de futuro da arte, que se pode perder se não houver incentivos para que as novas gerações aprendam a arte do bordado arraiolense.

Quanto à autoria dos desenhos “temos alguns que são mesmo nossos”, contudo qualquer pessoa tem “acesso, porque estão na história dos livros dos tapetes”.

Reconhecendo que na vila “o movimento que tem é graças aos tapetes de arraiolos”, sendo que “temos notado mais interesse” dos turistas, inclusive “o português”. Com um perfil cada vez com mais escolaridade, os turistas gostam “mesmo dos desenhos tradicionais, quanto mais história o tapete tem mais eles gostam”, afirma Paula Ramalho.

Relativamente ao processo de classificação como Património Mundial da Unesco, a artesã explica que “é bom para Arraiolos, é bom para o Tapete de Arraiolos, mas para o futuro isto mete um bocado de medo”. Isto “porque não temos mão de obra, cada vez há menos mão de obra”. Uma vez que a maioria das pessoas que trabalham esta arte têm idades na ordem dos “70, 80 anos” e “a mais nova tem 35 anos e ninguém quer aprender”.

Por isso, explica, “se não houver alguém que pegue nisto, que abra uma escola que incentive os miúdos, como há no Norte, em Espinho, que têm crianças a o bordado de bilro”. “Em Arraiolos ninguém faz nada”, sublinha.

Na sua ótica, “quando houve um incentivo, não sei se por parte da Câmara, seja de quem for, para incentivar os miúdos dos oito aos 12 anos, de que isto realmente é uma arte que nós temos, que é conhecida mundialmente, que vem do século XVII”. Lamentando que “se daqui a dez anos, se nós quisermos fazer um tapete e não temos bordadeiras”.

Porém, “nas escolas já estão a fazer alguma coisa, mas é uma brincadeira, o que eu acho é que devia ser uma coisa a sério”, à imagem do que acontece no Norte do país, onde “as pessoas do Norte têm outra garra e é isso que nós precisamos aqui”.

No que diz respeito às vendas, Paula Ramalho explica que “nunca exportamos em quantidades, vendemos sempre ao particular, a pessoa vem, ou o casal, compra”, ou faz a sua encomenda, “e nós depois enviamos para o país” de destino. Contudo, no ano de 2018, “o mês de dezembro deve ter sido o mais fraco, porque há pouco turismo”.

Ainda sobre a distinção entre as falsificações ou os originais, a comerciante explica que os traços de distinção podem encontrar-se através da “textura, ou seja, nenhum tapete é igual porque a mão da bordadeira não é igual e então nota-se sempre as imperfeições, a textura do tapete”.

Na Tapetes Arte em Casa, atualmente “nós temos cerca de 50 mulheres a trabalhar para nós”, em exclusivo, porque “cada loja tem as suas bordadeiras”. Porém, “20 a 30 fazem coisas pequenas”, pelo que para “coisas grandes estamos a ficar com défice de mão de obra”.

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