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Sábado, Setembro 21, 2024

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50 Anos de Liberdade:” Podiam dar mais alguma coisa aos reformados, vem tanto dinheiro lá de fora…”

A poucos dias de Portugal celebrar o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, a Rádio Campanário foi ao encontro de um residente de Vila Viçosa, Manuel Joaquim Alegria Jorge, para recolher o seu testemunho sobre como foi viver o 25 de abril de 1974 e as décadas de liberdade que se seguiram.

“Ó Sr. Manoel, celebramos na próxima quinta-feira, abril de 74, há 50 anos. Que idade tinha nessa altura? “que tinha 42 anos na época, recordou vividamente o dia: “Eu andava a trabalhar ali na Casa Bragança, mandaram uns homens que andavam a limpar sobreiros lá em baixo, naquela altura a gente andava na terra, de sol a sol, e apareceram lá uns senhores que gritaram (…) olha lá aí, vocês tem de  ir embora daqui que a tapada está apanhada.”

Manuel descreveu como, após o aviso, todos abandonaram o trabalho e como seu sogro, que trabalhava como guarda, o informou da situação: “Então venha-se embora… e foi assim que ocuparam a tapada real em Vila Viçosa.

Apesar das mudanças que o 25 de Abril trouxe, como a ocupação da Tapada Real, onde ele nunca mais voltou a trabalhar, Manuel refletiu sobre o impacto mais amplo da revolução na sua vida e no país: “Na minha vida, estes anos trouxeram a liberdade, mas eu naquela época que passei pelo tempo da ditadura do Salazar, eu nunca pensei na minha vida que isto havia de acontecer uma coisa destas. Nunca pensei nisso. E eu vivia em liberdade à mesma naquela altura, porque eu nem sabia o que era política, nem sabia nada do que eram estas coisas.”

Apesar de reconhecer as dificuldades da vida sob a ditadura, Manuel sublinhou a importância do Serviço Nacional de Saúde e outras conquistas sociais que vieram com a liberdade. Ainda assim, ele lamentou e diz “os reformados podiam viver um bocadinho melhor, porque a gente sabe, vamos dizer, sabemos, que vem muito dinheiro lá de fora e Portugal também tinha muito dinheiro, podiam dar mais a alguma coisa, os reformados, para viver um bocadinho melhor.”

Este testemunho oferece uma janela única para a experiência pessoal durante um dos momentos mais significativos da história portuguesa, destacando tanto os avanços como os desafios que persistem 50 anos após a revolução.

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