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Segunda-feira, Novembro 4, 2024

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“A nossa melhor casta são as uvas, em especial as do Alentejo”, diz Enólogo João Maria Ramos(Com Som)

A época das vindimas já arrancou na região do Alentejo e deverá prolongar-se até ao final de setembro. Apesar da ligeira quebra na quantidade durante a colheita, a previsão dos produtores é de um aumento na ordem dos 5% na produção de vinho no Alentejo, esperando-se da colheita de 2020 espera-se vinho de boa qualidade.

Em entrevista à Rádio Campanário o Eng. João Maria Ramos, Enólogo do Grupo João Portugal Ramos, em Estremoz, adiantou-nos que “as vindimas começaram no início de agosto e que até agora estão a correr bem. Não há nenhuma vindima igual, estamos sempre a aprender.”

Adiantou ainda que “devido ao fato da primavera deste ano ter sido chuvosa, deu para repor alguma água que estava em falta dos últimos anos, obrigando a mais trabalho no que diz respeito a tratamentos sanitários, para termos as uvas nas melhores condições e para que estas possam dar origem aos novos vinhos com excelente qualidade.”

João Maria Ramos disse ainda que, devido ao calor intenso que fez sentir neste verão “as datas das colheitas tiveram que ser antecipadas. Nós começamos como é normal no início de agosto, mas com mais intensidade do que habitualmente.”

Relativamente às expetativas já divulgadas para que possa existir um crescimento de 5% na produção, neste ano de 2020, o Enólogo referiu que essa também é a sua expetativa para o Grupo que integra no entanto “ como nós trabalhamos com muita vinha velha esse crescimento não se nota assim tanto.”

No que diz respeito à forma de colheita implementada no Grupo João Portugal Ramos, colher a uva só até determinada hora, adiantou-nos que “mantém essa forma e que, aliás, hoje em dia, a maior parte dos produtores já a utiliza. Para nós a temperatura da uva no momento da entrada da adega é muito importante.”

Questionado sobre os impactos da Pandemia no Grupo João Portugal Ramos, João Ramos adiantou que “quando o negócio está mau no setor da restauração, está mau para o setor dos vinhos. Durante a fase de confinamento tivemos que tentar inovar nas formas de vendas dos nossos vinhos, apostando essencialmente nas vendas on-line. Quem exportava vinhos deu para aguentar o barco.”

No que diz respeito à estimativa para esta campanha, o Enólogo adiantou-nos que “a estimativa é de cerca de 4 milhões de quilos.”

Relativamente a exportações, adiantou à Rádio Campanário que “dois terços da nossa produção é exportada mas a o nosso maior mercado é Portugal. Lá fora, para onde nós exportamos mais é Suécia, Polónia, Estados Unidos, Angola , Reino unido e Canadá. Vendemos para 35 países o que já é alguma coisa. O País onde sentimos que há maior quebra, devido à pandemia, é Angola.”

No que diz respeito aos métodos utilizados na produção dos vinhos, João Ramos disse “nós utilizamos os métodos que achamos serem os melhores para o nosso tipo de vinho e para a nossa forma de produzir. Continuamos a ter o meio mais tradicional, o lagar com o pisa a pé, onde produzimos os vinhos mais concentrados. Na parte da modernização, acho que temos uma adega bastante moderna, onde conseguimos produzir vinhos modernos, que são muito bem aceites lá fora.”

No que diz respeito às castas utilizadas, João Ramos diz que “não têm nenhuma casta que seja a rainha. A rainha são as uvas, em especial as uvas do Alentejo.”

Por último, questionado sobre se em seu entender existe hoje mais informação e consciencialização para um consumo moderado de bebidas alcoólicas, João Maria Ramos disse “Portugal é dos melhores exemplos do que é um consumo responsável de vinho. Somos dos Países do Mundo que mais bebemos vinho. No entanto, hoje há mais a ideia de beber bom vinho.”

Para terminar, questionado se a crise instalada com a pandemia no setor dos vinhos pode eventualmente fazer uma triagem na continuação de algumas empresas neste setor, o Enólogo disse “é duro mas vai acabar por acontecer. As empresas que já não estariam saudáveis, não irão aguentar. Essa triagem, às vezes, para o setor é bom.”

 

 

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