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Agricultores de Évora criticam excessiva burocracia para construir barragens

O presidente da Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL), Diogo Pestana de Vasconcelos, criticou hoje a excessiva burocracia imposta pelo Governo para a construção de pequenas barragens que possam armazenar água para o setor.

“Não podemos fazer chover, é difícil. Portanto, a solução é armazenar a água quando ela cai e gastá-la quando faz falta” para a agricultura, afirmou o dirigente associativo, em declarações à agência Lusa.

Diogo Pestana de Vasconcelos adiantou que os agricultores “têm todo o interesse em construir barragens, charcas e tudo o que sirva para armazenar a água” para fazer face à seca, que afeta, não só o Alentejo, mas também o país.

Mas “o grande problema é a burocracia envolvida nestes processos”, pois, “é verdadeiramente insano a quantidade de autorizações, pareceres e levantamentos necessários para construir uma barragem neste país”, vincou.

Segundo o presidente da AJASUL, a mudança da tutela da gestão da água do Ministério da Agricultura para o do Ambiente “levantou muito mais dificuldades” aos ‘homens da terra’ para a construção de barragens.

“Não é lógico não armazenar água, porque a falta de água é muito mais gravosa do que os impactos ambientais que têm as barragens e as pequenas barragens que os agricultores se propõem a fazer”, sustentou.

O também agricultor defendeu que o país já deveria “ter começado há 10 anos a combater as alterações climáticas e a falta de chuva”, salientando que já se percebeu que “está a chover menos no Alentejo”.

“Não temos feito nada, tirando o Alqueva, que já vinha de trás e que não se pode dizer que tenha sido uma resposta às alterações climáticas”, frisou.

Diogo Pestana de Vasconcelos propôs a atribuição de apoios do Estado e de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) aos agricultores para a construção de pequenas barragens que permitam armazenar a água da chuva.

Com as alterações climáticas, tem existido “um padrão, nos últimos anos, de menos chuva e mais concentrada” num período de tempo, pelo que tem que se “armazenar a água quando ela cai para a usar quando ela não cai e faz falta”, insistiu.

O dirigente da AJASUL manifestou-se preocupado com a falta de chuva nos últimos meses, alertando que a situação já está a provocar “sérios problemas”, nomeadamente de “falta de pastagem e de água nas charcas e barragens”.

“Se não chover, prevê-se um ano muito complicado, até porque as reservas alimentares já estão esgotadas e estamos a esgotar as reservas das reservas”, o que “vai afetar grandemente a produtividade das explorações”, acrescentou.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) revela, no seu mais recente relatório, que, quanto à precipitação, o mês passado foi o sexto mais seco em 90 anos e o segundo pior desde 2000, superado apenas por janeiro de 2005.

No final de janeiro, de acordo com o IPMA, todo o território do continente estava em seca, com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema.

C/Lusa

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