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Quinta-feira, Maio 2, 2024

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Águia rara encontrada morta no Alentejo poderá ter sido envenenada “(…) por tentativa de controle de predadores, criadores de gado ou atividade cinegética” (c/som)

Uma águia rara em Portugal foi encontrada morta no Alentejo. As autoridades suspeitam que tenha morrido por envenenamento.

Trata-se de uma águia-imperial-ibérica, que tem o estatuto de "criticamente em perigo".

Uma situação que está a preocupar os técnicos do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas e sobretudo o coordenador do projeto LIFE Imperial, já que nos últimos meses, no mesmo local apareceram envenenadas outras aves e um lince-ibérico.

Em declarações à Rádio Campanário, Paulo Marques mostrou-se preocupado com o que tem vindo a acontecer dizendo que “o ano começou mal para a conservação da águia imperial ibérica em Portugal com o achado de um cadáver no concelho de Mértola que representa indícios de mortalidade por envenenamento, nós só poderemos ter a certeza após as análises laboratoriais que estão a ser realizadas”.

Paulo Marques refere que há um procedimento de atuação quando se encontra um cadáver de um animal de uma espécie protegida, “chamar as autoridades competentes (…) eles têm um procedimento de recolha e de procura de indícios que posteriormente é encaminhado para o laboratório e para centros de investigação e peritagem para determinar ou confirmar a causa da morte”.

Esta águia, que está entre as aves de rapina mais raras do mundo, é uma das espécies mais ameaçadas da Europa e em Portugal é classificada com o estatuto de criticamente em perigo, “extinguiu-se em Portugal no século XX, tendo voltado em 2003 a criar (…) e desde aí a população tem vindo a aumentar ligeiramente, atualmente a população tem apenas 13 casais nidificantes e qualquer perda de individuo condiciona a recuperação lenta que a espécie que é única na Península Ibérica, não nidifica em mais parte nenhuma do mundo e que esteve à beira da extinção (…) que as maiores ameaças à espécie sejam diminuídas para que a espécie possa prosperar no território nacional”.

Paulo Marques aponta “o uso ilegal de veneno no campo” como uma das ameaças, “um problema para a conservação da natureza mas também para a saúde humana (…) que pode entrar na cadeia alimentar e prejudicar as pessoas”.

Sobre se foi o que poderá ter acontecido no caso da águia imperial encontrada morta no dia 4 de janeiro, refere que “na zona onde ocorreu esta morte e a zona onde ocorreu a morte do lince, temos detetados mais alguns casos de uso de veneno que está relacionado com uma tentativa de controle de predadores, seja por parte de criadores de gado ou atividade cinegética e mais do que o uso acidental é direcionado para o controle dos predadores que acaba por afetar as águias (…) que são danos colaterais à utilização de veneno, é uma zona que tem bastantes casos, temos já historial de outras águias imperiais encontradas na zona com confirmado envenenamento (…)”.

Relativamente ao projeto LIFE Imperial, o coordenador conta que o projeto se iniciou em julho de 2014 e estende-se a dezembro de 2018 e encerra um conjunto de ações que pretende combater as principais ameaças, a espécie e criar as condições para que a colonização do território nacional se faça de maneira sustentável e duradoura (…) o projeto tem estado a crescer, grande parte dos nossos objetivos ainda estão por alcançar (…) alguns resultados do projeto serão medidas a médio/longo prazo, mas é um projeto que engloba oito parcerias e pretende sobretudo coordenar e criar as bases para que ao nível das infrações e atos ilegais, como o abate a tiro ou por veneno possam ser mais controladas e para que sejam mais efetivas e penalizadoras”.         

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