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Borba: Inaugurado Museu Paroquial Beato Domingos de Borba, numa cerimónia presidida pelo Arcebispo de Évora, D. José Alves (c/som e fotos)

Foi inaugurado este domingo, dia 17 de julho, pelas 12h00, o Museu Paroquial Beato Domingos de Borba.

Antes da cerimónia de inauguração decorreu a Missa, na Igreja de São Bartolomeu, em Memória do Beato Domingos e 39 companheiros, mártires do Brasil, presidida pelo Arcebispo de Évora, D. José Alves.

A Rádio Campanário esteve presente no momento inaugural e falou com o Arcebispo de Évora que presidiu a cerimónia.

Em declarações a esta Estação Emissora começou por referir que “os museus são uma criação que já tem algum tempo, mas são relativamente recentes porque antes não havia essa sensibilidade para juntar a arte sacra com a finalidade de a conservar e de a expor para fruição do público”.

Tal deve-se, segundo D. José Alves, “a maior parte das peças de arte sacra estavam colocadas num lugar para o qual elas foram pensadas e idealizadas e muitas delas, com o tempo, deixaram de estar nesses lugares, até porque alguns conventos e algumas igrejas, entraram em ruinas e foi necessário preservá-las e isso fez com que as nossas paróquias foram acumulando várias peças de arte sacra e que é necessário agora tomar providencias para as conservar, elas são a memória de um povo (…) fazem parte da vivência da fé e fazem parte da inspiração artística de outros tempos e como memória que são, têm que ser preservadas, porque um povo sem memória será um povo sem futuro e estas peças fazem parte dessa memória para guardar”.

Acrescenta que “sempre que uma paróquia como esta, da cidade de Borba, tem a preocupação de juntar algumas peças, de as colocar num espaço a que chamamos núcleo museológico, ou museu, em alguns casos, é de louvar essa iniciativa, porque assim as pessoas podem ter acesso a essas obras de arte, visitá-las, contemplá-las, aprender com elas e conhecê-las, e isso é fundamental para um povo e eu sinto-me também satisfeito porque Borba teve esta iniciativa”.

Marcelino Caldeira, pároco da Igreja de São Bartolomeu referiu à reportagem da Rádio Campanário que “Graças a Deus”, este museu foi finalmente inaugurado, “porque este museu começou com o padre João de Deus, que era natural de Borba, que o improvisou, depois disso, no tempo do meu antecessor, o padre Carlos, foram feitas obras na igreja, sempre com essa intenção, porque Borba tem um vastíssimo património religioso e mesmo assim o que está à mostra, é uma décima parte, senão menos ainda, desde relojoaria a pergaminhos, arquivos, paramentos, pratas, imagens, um património muito vasto (…) as pessoas devem poder usufruir, apreciar e encantar-se”.

Instado sobre  necessidade de fazer alguns ajustes no funcionamento do museu, refere que são muitos, tendo declarado que se deixou levar pelo exemplo de Vila Viçosa, os párocos de São Bartolomeu, em que lhe foi dito que se estava “à espera das condições ideais, nunca mais é, lança-te e depois, a pouco e pouco, vais ajustando, vais mudando”, salientando que “a catalogação está feita, mas faltam as placas de identificação das peças porque as pessoas gostam de ver o que significam, que santo é, de que época (…)”.

Indagado sobre ter referenciado o Museu de Arte Sacra de Vila Viçosa, e cujas características são diferentes deste, desde logo o financiamento, refere que de facto o de Borba ter sido feito “com a prata da casa, foram os funcionários da câmara que foram incansáveis, um fez o projeto das vitrinas e da organização das coisas, os técnicos, os carpinteiros, os ferreiros, pessoal da paróquia, não veio nenhum de fora, foi o nosso empenho, o nosso esforço e o nosso trabalho”.

Questionado sobre se não colocou a hipótese de candidatar o projeto a fundos comunitários, salientou que “as candidaturas transcendem-me, eu entro em pânico porque é tudo tão burocrático, que eu tenho receio de não fazer alguma coisa bem feita e depois as coisas levam muito tempo e eu notava que o povo tinha este sonho há muitos anos”.

Segundo Marcelino Caldeira, o horário de financiamento será sábados, em que o museu estará aberto “a partir do meio da tarde que é quando esta zona tem mais turistas e por causa dos antiquários, haverá um regime de voluntariado, e fora disso ficam os contactos da paróquia no Posto de Turismo ou contactam diretamente a paróquia e eu venho acompanhar e mostrar, ou peço a alguém. A intenção é arranjar alguém que esteja a tempo inteiro, que até possa trabalhar para a paróquia, fazer uns acentos de batismo e montar um circuito em que as pessoas podem vir ver (…) montar um pequenino roteiro, dar formação à pessoa que possa acompanhar, mas para já é assim, a seu tempo, esperemos que não demore muito, queremos a segunda modalidade (…)”.

O presidente da Câmara Municipal de Borba, António Anselmo, expressou que há cerca de 40 anos que se andavam a pensar na instalação do museu, “em 2003 pensou-se de uma forma mais séria, depois perdeu-se o entusiasmo e nesta altura falei com o senhor padre Marcelino e com vontade da igreja e do município e de muitas pessoas amigas, a obra está feita”.

Instado sobre a comparticipação de cada uma das partes envolvidas, diz que a câmara municipal o que fez foi, “três ou quatro móveis que permitem ter as peças, cedemos um quadro de Santo António e depois pequenas pinturas e coisas simples de fazer”, acrescentando que o importante é que “haja vontade e a vontade tem que vir de todas as partes”.

Sobre a forma como poderá o museu ser visitado, assinala que já foi combinado com a igreja como é que vai ser feito, “não vai estar aberto todos os dias, mas poderá ser visitado sempre que as pessoas o quiseram, tratando com a igreja, o senhor padre, ou então no Posto de Turismo, manifestando interesse e naturalmente que alguém virá acompanhá-lo”.

Indagado sobre se não existe a possibilidade de a autarquia colocar um funcionário afeto ao museu, de forma a oferecer um horário continuo de abertura ao público, refere que neste momento “não é a nossa intenção, nem da igreja, mas sempre que haja necessidade é aberto com alguém responsável da igreja e da câmara, mas um funcionário, um dia inteiro, não”.

Se esta decisão tem a ver com os custos inerentes à colocação de uma pessoa afeta ao museu, sublinha que “a igreja entende que é visitável sempre que as pessoas quiserem, não está é sempre aberto, se a igreja decidir de outra maneira, e precisar do apoio de alguém da câmara, estamos completamente de acordo, sem problema nenhum”.     

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