A venda das fábricas da Embraer em Évora à espanhola Aernnova, fornecedora da empresa brasileira e de outros construtores aeronáuticos, “pode permitir ampliar a oferta produtiva” destas unidades, disse hoje o autarca deste concelho alentejano.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, frisou que, pelo menos, “é essa a expectativa” que tem, de que esta venda permita “o alargamento do funcionamento e da produção das atuais fábricas” situadas naquela cidade.
Isto porque “a empresa que adquiriu as fábricas é fornecedora da Embraer, já há algum tempo, mas é também fornecedora de outros construtores aeronáuticos, como a Airbus, a Bombardier”, entre outros, argumentou o autarca.
“Portanto isto pode permitir ampliar a oferta produtiva das fábricas de Évora”, disse, insistindo acreditar que a venda, ao invés de significar “problemas para Évora”, possa traduzir-se no aumento “do universo de respostas que estas fábricas dão, incluindo a continuidade do fornecimento à Embraer”.
A Câmara de Évora já pediu uma reunião à construtora aeronáutica brasileira, que ainda não está agendada, para “poder clarificar um conjunto de pontos e de situações”.
Questionado pela Lusa sobre se podem estar em risco os postos de trabalho existentes nas duas unidades fabris, o autarca rejeitou essa hipótese.
“A informação que temos é que todos os trabalhadores serão mantidos e até que poderá vir a haver perspetivas da ampliação do negócio”, realçou.
Contudo, ressalvou Pinto de Sá, “é ainda prematuro” abordar esse tipo de questões, já que o município não possui “informações oficiais por parte da Embraer”.
“Estamos a guardar uma reunião para podermos abordar todas estas questões”, acrescentou.
A fabricante de aeronaves Embraer anunciou hoje ter vendido as duas fábricas localizadas em Évora à espanhola Aernnova Aerospace, por cerca de 151 milhões de euros.
O acordo, confirmado num comunicado emitido aos acionistas da Embraer, contempla a venda de todas as ações das subsidiárias Embraer Portugal Estruturas Metálicas (EEM) e Embraer Portugal Estruturas em Compósitos (EEC) à Aernnova, pelo valor de 172 milhões de dólares (151,2 milhões de euros), sujeito a ajustes até à sua conclusão.
Inauguradas em 2012, as duas instalações em Évora empregam cerca de 500 pessoas.
As fábricas envolveram um investimento inicial a rondar os 180 milhões de euros e, dois anos depois, a empresa criou também um centro de engenharia e tecnologia na cidade alentejana.
Em 2019, numa cerimónia nas instalações de Évora, o presidente da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, disse que o investimento da empresa nas unidades alentejanas já ultrapassava “os 400 milhões de euros”.
Ana Veigas C/Lusa