Doar tempo para os outros e receber para si….
Este é o lema do Banco do Tempo implementado em Évora há cerca de 14 anos.
Através deste projeto é possível trocar o seu tempo livre por serviços que necessita, sem necessidade do uso de dinheiro, de forma voluntária e solidária.
A Rádio Campanário falou com Isaura Pinto, uma das coordenadoras deste projeto sobre a importância que o mesmo tem junto da comunidade onde está implementado.
O projeto que surge, conforme nos conta Isaura Pinto de uma paixão quando percebeu que, na aldeia onde vivia, as pessoas se ajudavam umas às outras sem ninguém ficar em favor.
O projeto está implementado em todo o país e são já cerca de 40 agências.
Qualquer pessoa pode integrar este projeto…basta ter vontade de dar e receber. Isaura Pinto explica-nos que para qualquer novo membro “é submetido a uma entrevista para que se perceba as reais circunstâncias de quem quer integrar o projeto” acrescentando ainda que “o que se pretende é que as pessoas possam dar aos outros aquilo que lhe dá prazer fazer e que possam pedir em troca aquilo que lhe dá menos prazer fazer ou que não sabem.”
Falamos de um universo de serviços muito vasto e que podem ir desde a lavagem de um carro ao fazer a bainha de umas calças.
Mesmo em contexto de Pandemia o Banco de Tempo nunca parou.
Com a salvaguarda das pessoas que integram o projeto, pois a faixa etária situa-se na ordem dos 50 anos, muito foi feito. Nos últimos anos, explica Isaura Pinto “a Agência de Évora tem também enviado roupa e calçado para África através de portadores de confiança.”
As voluntárias criaram também “máscaras de tecido durante a pandemia e até pensos higiénicos em tecido reutilizável (aproveitando toalhas doadas por um hotel) que enviam para África para permitir que as meninas possam frequentar as escolas durante o período menstrual.”
O banco tem cerca de “109 membros mas ativos estão apenas 30” algo que a coordenadora lamenta considerando que ainda existe “o estigma da vergonha de pedir ajuda e as trocas não acontecem ao ritmo que era desejável.”
O Banco de tempo ajuda ainda outras Associações de Évora, nomeadamente a Associação Pão e Paz contribuindo com verbas que o próprio Banco de Tempo consegue angariar com iniciativas que realizam.
No que diz respeito á solidariedade dos Portugueses e dos Alentejanos em particular, Isaura Pinto considera “somos um povo muito atento às necessidades dos outros” .
A coordenadora do Projeto conclui “é este espírito de solidariedade que nos motiva a manter vivo este projeto.”
