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Sábado, Abril 27, 2024

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Discurso de Ano Novo do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa: Reflexões e Desafios para 2024.

“Ficou claro que a guerra na Ucrânia está longe de terminar. Ficou evidente que um conflito entre dois povos que reivindicam a mesma terra se transformou novamente em um conflito armado no Oriente Médio. Também ficou claro que a inflação diminuiu, mas o crescimento econômico não se recuperou. Ficou evidente que, enquanto as guerras persistem e a recuperação econômica é lenta, os mais pobres, os mais vulneráveis e os mais excluídos são os que mais sofrem.

Ficou nítido que devemos estar atentos às eleições americanas de novembro para compreender o que o futuro reserva, tanto em termos de conflitos quanto de economia global. Na Europa, ficou claro que o crescimento é lento, mesmo nas sociedades mais desenvolvidas. Ficou evidente que o egoísmo, o fechamento e a preocupação com a segurança ganharam adeptos, o que levanta questões sobre o futuro da União Europeia.

Também ficou claro que, mesmo com todas as incertezas, a maioria entende que negar alargamentos e parcerias é pior do que aceitá-los com preparação, bom senso e equilíbrio. Devemos estar atentos e motivados para as eleições europeias, pois elas definirão o rumo imediato da Europa, do medo à abertura e à recuperação econômica.

Ficou evidente que o crescimento econômico, o emprego, a qualificação das pessoas, o investimento e as exportações são fundamentais, mas também ficou claro que o crescimento sem justiça social, sem a redução da pobreza e das desigualdades, não é sustentável. O acesso efetivo à saúde, educação, habitação e assistência social desempenha um papel crucial na busca pela justiça social.

Ficou claro que a administração pública e o sistema judiciário podem fazer a diferença, especialmente em um momento em que temos fundos europeus irrepetíveis e urgentes para utilizar. Após a minha decisão pessoal de encerrar meu mandato, quem foi o segundo chefe de governo mais duradouro em democracia, e o mais duradouro deste século? Devemos estar atentos e motivados para as eleições de março, pois elas definirão o futuro de Portugal, na avaliação e na escolha.

Em resumo, 2023 terminou com mais desafios do que começou. No entanto, a democracia nunca tem medo de dar voz ao povo, e é nisso que ela se destaca das ditaduras. Portugueses, em 2024, o futuro será amplamente moldado pelas escolhas democráticas em Portugal, na Europa e nos Estados Unidos.

Este é o ano do 50º aniversário da democracia em Portugal. Há meio século, nesta época, as contas não estavam certas em Portugal. O primeiro choque petrolífero abalou a economia, a situação em África deteriorava-se rapidamente e mais de um milhão de portugueses emigravam. Não havia liberdade de organização política, e os que podiam votar eram apenas dois milhões, todos pertencentes a um único partido. Sabemos que o voto não é tudo, mas sem voto, não há liberdade nem democracia.

Sabemos que todas as democracias, inclusive a nossa, são imperfeitas e desiguais. Esperamos menos pobreza, menos injustiça, menos corrupção, menos desilusão para os mais jovens e mais oportunidades de trabalho e vida digna. Nos próximos 50 anos, esperamos muito mais do que o que foi alcançado nos últimos 50 anos, porque os desafios são cada vez maiores e mais complexos.

O começo desses próximos 50 anos é hoje, agora, e depende das vossas escolhas para os Açores, para Portugal, para a Europa e para o mundo. Em Portugal, o povo é quem mais ordena, quem mais decide pensando no seu futuro e no futuro do país. Um feliz 2024.”

O Presisente da Republica Prof. Marcelo Rebelo de Sousa

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