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Évora: Presidente da EDIA defende ser possível “regadio sustentável”

O presidente da empresa gestora do Alqueva, EDIA,  José Pedro Salema, defendeu hoje que “é possível ter regadio sustentável” em Portugal e que existem “bons exemplos de boas práticas ambientais” na agricultura que devem ser multiplicados.

O estudo “Regadio 20|30 – Levantamento do Potencial de Desenvolvimento do Regadio de Iniciativa Pública no Horizonte de uma Década”, coordenado pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), mostra que “é possível ter regadio sustentável”.

“Podemos compatibilizar, com boas práticas agroecológicas, o regadio moderno, produtivo, intensivo no sentido de que utiliza muitos fatores de produção, mas que tem altas produtividades”, afiançou o responsável.

Em São Manços, no concelho de Évora, na sessão de apresentação das conclusões deste estudo, pedido à EDIA pelo Ministério da Agricultura, José Pedro Salema notou que é possível “garantir que essa atividade” agrícola “é compatível com a preservação dos valores ambientais”.

E existem no país “bons exemplos de boas práticas ambientais” aplicadas na agricultura, as quais “têm que ter maior visibilidade e apoio, para poderem ser multiplicados”, acrescentou.

Mas, por outro lado, o estudo, que abrange todo o país, também mostra que “há estruturas de regadio muito envelhecidas, com eficiências muito baixas, onde é necessário, por vezes, fazer reabilitações completas”.

“Há estruturas que estão em falência, que estão com 80 anos”, pelo que, as respetivas intervenções não podem passar só pela modernização, mas implicam sim “uma reabilitação total”.

Nessa situação encontram-se as “distribuições gravíticas em canais abertos”, as quais têm que passar “para tubos fechados”, para reduzir as perdas de água e aumentar a eficiência.

“Os sistemas de distribuição em canal ou têm um reservatório na ponta para guardar a água que cai no fim do canal ou, então, têm uma perda enorme na linha de água”, precisou, referindo que “há muitos regadios muito conhecidos que estão nesse modelo”.

A necessidade de introduzir tecnologia nesses mesmos projetos, para “perceber quanta água está a ser gasta” e, assim, conseguir poupar este recurso escasso, é outra das conclusões.

O estudo aponta ainda a “possibilidade de associação de [energia] fotovoltaica a estas estruturas, que pode funcionar de forma interessantíssima no controlo de custos e na redução da pegada carbónica”, referiu.

Outras das conclusões do estudo indicadas pelo presidente da EDIA são a necessidade de existirem “tarifários que fomentem o uso eficiente da água” e “o planeamento atempado das carências”.

“É preciso antecipar os períodos de carência. As secas são recorrentes, não é surpresa nenhuma em Portugal termos secas e, por isso, num momento de abundância temos que planear a carência”, sustentou.

O responsável aludiu ainda que, no estudo, é mostrado que “a criação de riqueza no regadio é, estatisticamente, seis vezes maior por unidade de área do que é no sequeiro”.

E, a evidência dessa “verdade estatística” é visível no Alentejo, na área regada com água do Alqueva: “Conhecemos casos aqui na nossa realidade em que essa diferença é ainda mais expressiva, pode ser 15 a 20 vezes maior a criação de riqueza”.

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