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Domingo, Abril 28, 2024

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Ex- líder da CGTP diz que a pandemia expôs duramente velhas formas de pobreza

 Em entrevista à agência Lusa, o sociólogo Manuel Carvalho da Silva diz que a pandemia causou uma “exposição dura” de velhas formas de pobreza e que o problema tende a acentuar-se.

“Temos a cair na pobreza quem? Os precários absolutos, foram os primeiros. Em segundo lugar, muitos trabalhadores independentes ou empresários de si próprios ou pequenos empresários. Há muitos pequenos empresários e pessoas nestas condições revoltantes da matriz económica e de desenvolvimento que o país tem”, referiu.

Crítico de uma matriz “muito centrada nos serviços”, nomeadamente no turismo – um dos setores mais atingidos -, o sociólogo sublinhou que a desativação destas atividades provocou “uma situação de desproteção absoluta” das pessoas. “Surgiram na sociedade com uma situação de pobreza profunda em muitos casos, que em parte está escondida”, enaltece o ex sindicato da CGTP.Uma parte de

“Há milhares de pessoas que aparecem todos os dias à porta de instituições que servem refeições e que dão apoio que não estão contabilizadas nos números do desemprego (…) o drama é justamente esse, é que isto está associado a fatores estruturais que não estão a ser alterados”, garantiu Carvalho da Silva, investigador no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.

Na sua opinião, grande parte da pobreza depende, em primeiro lugar, de salários baixos e desproteção social de uma parte significativa da população, a par de uma “precarização do trabalhado” que, na sua opinião, é “demolidora”.

“Tudo isto associado a uma matriz de desenvolvimento que não dá futuro”, frisou.

Recorde-se que, Carvalho da Silva, dirigiu a CGTP-IN durante 25 anos (1987 – 2012), primeiro como coordenador e depois como secretário-geral, defendeu a necessidade de se olhar para as questões da pobreza com “grande atenção”, sob pena de se comprometer o futuro e o modelo de desenvolvimento necessário ao país.

Sobre a sociedade portuguesa, considerou, é “demasiado permissiva” perante a pobreza.

“No senso comum, ainda é muito comum mesmo a ideia de que uma pessoa só é pobre, pobre, quando já não tem meios sequer para se alimentar”, lamentou.

“A atitude da sociedade perante a pobreza não pode ser esta”, acrescentou o académico, reclamando uma evolução no comportamento dos portugueses, por forma a alcançar um combate mais eficaz neste setor.

“A sociedade portuguesa condescende facilmente com situações de sobrevivência das pessoas, em função meramente da caridade alheia e quando um indivíduo está dependente da caridade alheia a sua dignidade foi amputada”, sublinhou. 

De enaltecer que, a suspensão ou restrição de atividade em variados setores, como restauração, comércio, turismo e cultura, entre outros, elevou o número de falências em Portugal, agravou situações de precariedade laboral e provocou aumento do desemprego.

 

Créditos de Imagem: Rádio Lumena 

 

 

 

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