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Segunda-feira, Abril 29, 2024

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Exclusivo Rádio Campanário: Ao fim de meio século de funcionamento Moledo fecha portas em Vila Viçosa (c/som e fotos)

No dia 24 de novembro, foi a leilão por insolvência, a empresa MOLEDO” activa há aproximadamente meio século, uma serração de mármores, situada no Lugar do Paul, em Vila Viçosa.

Ao que a Rádio Campanário apurou a Moledo tinha uma divida ao BCP de 271 mil euros, a que acresce todos os custos inerentes ao processo de Insolvência. O imóvel foi vendido ao BCP, principal credor, por um valor de 300 mil euros, faltando ainda fazer a escritura do imóvel. Depois disso o banco colocará o mesmo para venda.

A entidade bancaria parece desconhecer, no entanto, se um contrato de exploração entre a Moledo e a actual arrendatária, é real ou forjado, já que na audiência de julgamento no âmbito da insolvência, o valor apresentado para esse mesmo contrato, difere dos números apresentados actualmente. Sendo que o valor apresentado em tribunal foi de 500 euros de renda mensal, enquanto actualmente se fala nos 5 mil euros. A Radio Campanário também apurou que na altura da audiência, a Moledo teria uma divida à segurança Social, cujos valores não tivemos acesso. Daí a convicção da identidade bancaria de que o contrato foi forjado, já que a empresa arrendatária, labora nas instalações desde agosto de 2008. Tendo a arrendatária sido alertada pelo credor sobre as consequências que o facto poderia trazer.

Até ao dia do leilão as instalações da Moledo e toda a maquinaria existente, estavam alugadas num contrato de exploração à empresa Rochas Luz LDA. A actual arrendatária Maria Júlia Dias Bravo e gerente da empresa, Rochas Luz LDA. Terá celebrado o contrato a 1 de agosto de 2008, sendo o mesmo de renovação automática, a cada 4 anos. Maria Júlia, no local e antes do início do leilão, na manhã do dia 24, declarou aos nossos microfones, que a serração tem estado a funcionar em pleno e que dá trabalho a “dez trabalhadores.” O contrato de exploração “ foi renovado no dia 1-08-2016, e o cheque foi levantado.” Acrescentando que a maquinaria arrastada para o processo de insolvência “não é da Moledo é da Isomármore” tendo enviado atempadamente “para o tribunal as facturas” a comprovar em como as maquinas terão sidas adquiridas “em Lessing através da Locapor.” Assegurando que “duas ou três máquinas são da Moledo e o resto são minhas e da Isomármore”. Acrescentando, “fomos assaltados há coisa de três anos e eu tive que pagar.”

Maria Júlia atribuiu o funcionamento da serração a alguns “pilares” ela própria, o filho e os trabalhadores da empresa, aos quais se mostrou grata. Mostrando-se certa que deveria ser indemnizada pelas máquinas, “se vierem fazer isso será uma ilegalidade, penso eu.” A arrendatária garantiu estar interessada na aquisição do imóvel, para isso terá pedido um “empréstimo, mas os empréstimos levam tempo,” também mandou fazer “várias avaliações” sendo o valor dessas avaliações de “70 mil euros.” Segundo ela, muito inferior ao valor com que o imóvel foi a leilão, “200 mil euros, têm que me deixar trabalhar, para mim a preocupação número um, são os trabalhadores.” Sublinhando desconhecer quem irá assumir as indemnizações aos trabalhadores. “Eu não tenho, se eles me derem os quatro anos do meu contrato, vamos esperar, se venderem as máquinas não fico cá a fazer crochet".      

Carlos Rafael, da Isomarmore, aos nossos microfones alegou que a maquinaria lhe pertence. “As máquinas são minhas, mandei-as vir de Itália.” Segundo ele a Isomarmore vendeu as instalações e as maquinas em “separado à Moledo.” Acrescentando que maquinaria nunca lhe foi paga. Recorreu “duas vezes à barra do Tribunal e ganhou a causa,” primeiro no “Tribunal de Vila Viçosa” e à posteriori no de “Évora.”    

Luís Oliveira, administrador da insolvência também falou com a Radio Campanário e começou por dizer que a insolvência “foi decretada em sentença de agosto deste ano e que a mesma se deve” no entender do administrador a algumas dificuldades do ramo de actividade.” Atribuindo essas dificuldades à “construção” e também “à falta de orientação comercial nos mercados internacionais”, já que o tipo de produto da exploração “continua a ter procura.” Realçando a boa “qualidade” do mármore. No que toca à arrendatária da exploração, Luís Oliveira, aludiu que o “contrato é um contrato de exploração, feito pela entidade insolvente, todos os contratos com a sentença de insolvência, sessam.” Informando que embora “não seja um caso especifico aos contratos de exploração e de arrendamento, neste caso o contrato de exploração visava uma parte específica.” E nessa parte estavam incluídos “o imóvel, um anexo inexistente e alguma maquinaria.” Informou também que “o contrato não está registado nas finanças.” Apesar de carecer de “alguma legalidade eu não o coloquei em causa, considerei-o valido.” Mas não contemplando o contrato “bens moveis.” Referindo que na venda em leilão foi dada “à parte interessada o direito de preferência para a actividade em si.” Acrescentando Luís Oliveira só se ter apercebido “na parte final” que as pessoas “não têm dinheiro nem “capacidade financeira” para “se endividar junto da banca.” A consequência dessa incapacidade foi a separação do “bem imóvel,” comprado pelo “BCP, credor hipotecário,” e os bens “móveis” foram adjudicados por outro “proponente interessado” Sendo que o valor foi de 30 mil euros. “Estavam dez inscritos” para o leilão.

A Rádio Campanário ciente da preocupação das pessoas em relação aos postos de trabalho, e àquilo que os esperará no futuro, quis saber o que Luís Oliveira pensava sobre a importância assunto, ao que o mesmo acrescentou: “Essa parte preocupa a qualquer um de nós, somos todos sensíveis, quem não for não é humano, mas eu estou a zelar pelos interesses dos credores.” Sendo que, “quem estava a explorar é que tem que se preocupar com os seus funcionários.” Referindo que tentou ajudar no agendamento de algumas “reuniões junto das entidades bancarias, mas mais não posso fazer.”

O processo de aconselhamento junto da arrendatária aconteceu por um período “de seis meses.” Acrescentado no que toca a estarem ou não gastas todas as hipóteses. “Eu não tenho que considerar, estou a zelar os interesses dos credores, é uma situação que não me compete a mim analisar.” 

O administrador Luís Oliveira concluiu as suas declarações afirmando que “não fez grandes abordagens” ao problema, “intercedi junto desta entidade (Rochas Luz LDA) para fazer o pagamento de rendas” atrasadas, “pagaram algumas, não todas, foram comunicados” da data para “a venda, aquilo que me competia era avisar, se havia ou não capacidade financeira, desconheço.” Sendo que “hoje” esta fábrica “está fechada e de hoje para a frente”.

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