Os agricultores saíram esta quinta-feira para a rua com os seus tratores, de norte a sul do país, num movimento de protesto, reclamando a valorização do setor e condições justas, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.
A iniciativa, organizada pelo Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum , mas que ainda assim não foi suficiente para desmobilizar o protesto dos Agricultores.
No Alentejo, o protesto aconteceu um pouco por toda a região, bloqueando fronteiras , como foi o caso da Fronteira do Caia, bloqueada desde as primeiras horas da manhã, onde a Rádio Campanário esteve e falou com alguns dos Agricultores que ali se encontravam.
João Neves, natural de Elvas, tem 53 anos e diz-se agricultor desde que nasceu. Em declarações à Rádio Campanário explicou que a sua participação neste protesto serve para pedir ajuda, para ele e para todos os Agricultores frisando “pedimos que não nos tirem mais aquilo que é nosso porque nós trabalhamos dia e noite , para Portugal e para o Mundo”.
Da Agricultura sai o que chega à mesa de todos nós “desde o Engenheiro , ao doutor” sublinhando que é importante que “quem faz as leis conheça o setor”.
“Andam a roubar aquilo que é nosso e nós não merecemos” diz.
Para João Neves tudo tem corrido mal no setor da Agricultura “precisamos de um primeiro-ministro, de um governo que esteja ao lado dos Agricultores,” lamentando que tal “nunca tenha acontecido” deixando duras críticas à atuação da atual Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes e também à Comissão Europeia.
João Neves diz de forma efusiva “merecemos respeito, somos nós que damos comer ao povo e ao mundo inteiro”.
Pede “que nos deixem trabalhar, não nos ponham leis feitas por pessoas que não sabem o que é uma batata” acrescentando ainda que o pacote de medidas que ontem foi anunciado pelo Governo “é uma farsa, uma mentira, é um lava olhos ao povo”.
João Neves diz de forma convicta que por ele “enquanto não houver informação de forma clara sobre pagamentos de apoios aos agricultores, como o dinheiro estar mesmo na conta bancária de cada um, este protesto mantém-se” manifestando disponibilidade para estar nesta ação reivindicativa dias ou meses, se necessário.
Em seu entender “só assim “os grandes” percebem a importância da agricultura, dos agricultores e do seu trabalho.”
João Neves conclui “somos Alentejo, Portugal, Europa e estamos unidos na luta por melhores condições.”